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Jornalista - estagiária
Ser jovem (e mulher) em Portugal
Ambições de criança tornam-se impossíveis de concretizar quando vivemos a realidade de adulto em Portugal.
30 Jun 2022, 00:00

Quando era miúda queria ser adulta. Queria crescer o mais rápido possível, ter a minha própria casa e ter a certeza que era, acima de tudo, independente. Quando saí da faculdade apercebi-me que viver em Portugal enquanto jovem é, essencialmente, impossível.

Vivemos numa sociedade que não defende, mas reforça um mercado de trabalho que exige juventude e, simultaneamente, a experiência de um trabalhador em processo de reforma. Somos a geração com mais estudos e formação, mas somos igualmente a mais desvalorizada.

De acordo com um estudo da Comissão Europeia (CE), em Portugal, os jovens portugueses fazem parte dos que mais tarde saem da casa dos pais. Apesar de várias autarquias proporcionarem vários apoios ao arrendamento e compra de imóveis por parte das gerações mais novas, para qualquer jovem português, principalmente para os que vivem em grandes cidades, torna-se impossível garantir um futuro sem a ajuda dos progenitores.

Ora vejamos, apesar do nosso Governo alegar que o mercado trabalho oferece boas condições para os jovens recém-licenciados, na realidade, pelo menos na minha, na primeira oferta de trabalho, um jovens recebe, na melhor das hipóteses, o ordenado mínimo nacional complementado com promessas de progressão na carreira que nunca acabam por se realizar.

Se eu criança tinha fome de ser adulta, agora vivo com o medo constante de nunca ser capaz de o ser na sua totalidade. Ao contrário do que a sociedade pensa, nós, jovens, não somos preguiçosos, estamos é cansados de viver numa sociedade que não nos dá qualquer valor, só exigências.

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