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Publisher EuroRegião
Nas urgências fala-se em dialeto
O atraso português face à Europa em temas como Saúde, Educação e Justiça revela-se tragicamente em casos como o do bebé das Caldas da Rainha.
20 Jun 2022, 12:00

Alguém chame o 112! Disquem o número! Rápido, o mais rápido possível! O doente é o SNS! É preciso salvá-lo! Do caos…

Aqui no “retângulo”, na obstetrícia e na ginecologia, a Urgência tem de esperar, não pode ter pressa. Sem médicos suficientes nos serviços e outros para completar as escalas, resta aos portugueses, clientes transformados em utentes para os rebaixar na relação com o Estado, fazer demorados e longos quilómetros para outras unidades de saúde. Quem sabe, se abertas.

Despejar dinheiro para um problema é a solução que mascara a incompetência e a incúria

O colapso na Saúde é de hoje, mas começou ontem. Sem planeamento, sem gestão, sem liderança, sem uma reforma profunda e corajosa, não há médico ou enfermeiro que resista. Despejar dinheiro para um problema é a solução que mascara a incompetência e a incúria.

A idade dos médicos e as dificuldades de atraí-los para fora das grandes cidades, a concorrência dos privados, são variáveis da equação que devem ser anotadas, embora não sejam restrições descobertas neste mês de Santo António, nem precisam de um Einstein nem de uma maioria absoluta para as resolver. Bons gestores, bons técnicos e bom senso é o quanto baste.

Quando o doente está em estado catatónico, importa administrar os paliativos rapidamente, o que estamos em crer que já está a ser feito, mas é insuficiente. Para uma cura saudável e definitiva, é preciso uma prescrição, daquelas que se seguem à risca até ao último comprimido da caixa.

Para uma cura saudável e definitiva, é preciso uma prescrição, daquelas que se seguem à risca até ao último comprimido da caixa

Não era preciso o alerta do que aconteceu nas Caldas da Rainha – morte de bebé, alegadamente por falta de obstetras – para perceber a gravidade da situação. Depois da tragédia, com os olhares de volta à realidade nacional, pode ser que o tempo de ação seja agora.

Falamos a língua da Europa, como diz o EuroRegião. Mas na Saúde, na Educação e na Justiça, falamos em dialeto.

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