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Presidente da Assembleia da Freguesia de Paranhos
O fim do Museu Romântico da Quinta da Macieirinha: um atentado à Memória e História do Porto!
Com a destruição e esvaziamento do Museu desaparece um ícone oitocentista e marca cultural da cidade do Porto.
25 Out 2021, 11:00

A propósito da inauguração da Feira do Livro do Porto, em finais de agosto, a cidade foi confrontada com a realidade, aliás assumida institucionalmente pelos responsáveis da Cultura da Câmara Municipal do Porto ( sendo que o Vereador da Cultura é também o seu Presidente) da descaracterização e destruição de um dos espaços culturais mais emblemáticos, visitados e identificadores do séc. XIX e do período do Romantismo: o Museu Romântico, situado nos jardins do Palácio de Cristal, com entrada pela Rua de Entre-Quintas. Foi, aliás, adquirido pela própria CMP em 1972 com essa finalidade!

O Museu era um dos últimos redutos deste período histórico a vários níveis – o Romantismo – que, inclusivamente, foi um dos principais motores dos movimentos liberais que se foram impondo também no Porto e em Portugal!

O Museu era um dos últimos redutos deste período histórico a vários níveis – o Romantismo – que, inclusivamente, foi um dos principais motores dos movimentos liberais que se foram impondo também no Porto e em Portugal!

Da pintura ao mobiliário, das Artes decorativas aos objetos, dos costumes aos documentos, este espaço era único! O seu interior e todo o ambiente, remetiam-nos para esse movimento artístico e literário. Acolheu também o Rei exilado de Piemonte e Sardenha, Carlos Alberto, até ao seu falecimento em 1849. Esta destruição apaga também um importante elo histórico e genealógico entre a Casa de Sabóia (Itália) e a Casa de Bragança (Portugal), pois a neta de Carlos Alberto, Maria Pia, será Avó do último Rei de Portugal, D. Manuel II.

Esta decisão alicerçada numa suposta cultura contemporânea, que não passa de uma política de “gosto” é, em minha opinião, altamente lesiva para a História da cidade! Mais: revela um revisionismo histórico inconcebível nas Democracias liberais contemporâneas.

Desta forma e com a destruição e esvaziamento do seu interior transformando este Museu numa enviesada e ridícula galeria de Arte Contemporânea que poderia perfeitamente ser encaixada num outro qualquer espaço da cidade desaparece um ícone oitocentista e marca cultural da cidade do Porto!

Mais incompreensível ainda é o facto de terem sido feitas obras de manutenção, de renovação expositiva e tecnológica em 2018(…)

O diálogo com a contemporaneidade e com as dinâmicas evolutivas que as linguagens artísticas obrigatoriamente terão de incorporar é incontornável para o desenvolvimento e disseminação das políticas culturais. No entanto, espaços como este, não poderão ser transformados em parques temáticos de lazer, nem muito menos em pequenas Disneylândias…!

Mais incompreensível ainda é o facto de terem sido feitas obras de manutenção, de renovação expositiva e tecnológica em 2018, que mantinha a sua traça original, mas agora de “cara lavada”, mais atrativa e sobretudo mantendo as suas – atualmente – irrecuperáveis características que encantava o Porto e os seus visitantes. Custou largos milhares de Euros! Foram deitados ao lixo e o Porto perdeu o Museu!

Será preciso um sobressalto cívico para a cidade exigir a sua reposição? O Porto, e toda a região Norte, terá de se pronunciar! Foi um atentado iconoclasta. E um desrespeito à Cultura portuense.

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