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Presidente da CCDR - Norte
Europa: “o futuro tem um coração antigo”
Na Europa, como no passado, mas ainda mais agora, está o coração do futuro. Como fixou um dia um poeta italiano, “o futuro tem um coração antigo”.
19 Mai 2022, 00:00

Ouvimos chamar-lhe coisas diferentes, segundo o menor ou maior grau de otimismo – “tempestade perfeita”, “crise total” ou “tempo desafiante”. É inequívoco que a Europa vive um momento especialmente crítico, decisivo. Viveu outros no passado, é certo, mas não sob uma confluência tão forte de diferentes variáveis: político-militar, ambiental, tecnológica, social e alimentar.

As urgentes exigências da crise energético-climática, a guerra e a fragmentação da globalização reintroduziram o Velho Continente na História. Sentimos que por aqui passa o futuro – a democracia e a paz, um modelo social e sustentável de vida – mas que esse futuro exige mudanças coletivas extraordinárias, em tempo e ambição, e novas estratégias e formas mais ágeis de governação e relacionamento, onde a proximidade geográfica e a partilha de valores históricos e culturais ganham força.

Na Europa, como no passado, mas ainda mais agora, está o coração do futuro. Como fixou um dia um poeta italiano, “o futuro tem um coração antigo”

Aproximar os cidadãos da Europa, da sua “construção”, políticas e instituições, é determinante. Isso passa, por exemplo, por uma maior proximidade dos fundos europeus às regiões e às comunidades. Por trocar os “guichets centrais” pelas praças. O espírito participativo empreendido na recente celebração do Dia da Europa deve ser inspirador na aplicação e comunicação dos fundos comunitários.

Por força, porventura, das circunstâncias que vivemos, essa celebração de 9 de maio teve o mérito de ser social e cultural, ao invés de solene e ritual, juntando instituições e cidadãos em torno de realidades concretas, gestos comuns, símbolos vivos e desafios atuais.

A geminação das cidades de Braga e Santiago de Compostela, celebrada nesta data, é uma realização simultaneamente eloquente e promissora da solidariedade e da prosperidade comuns na Europa, sob a luz condutora da amizade histórica e cultural do Norte e da Galiza.

O concerto “Gaudeamus – Alegria para a Europa”, de António Vitorino de Almeida, criado em 30 línguas da União, foi outro exemplo inspirador, tendo juntando mais de uma dezena de instituições e empresas do Norte e impactado largas centenas de cidadãos. Tal como a iniciativa da Torre dos Clérigos que em maio executa, diariamente, o Hino da Europa, numa manifestação pública.

A uma nova civilização sustentável importa que este “coração antigo” continue a bater.

 

Nota: Este artigo de opinião é, também, publicado no Jornal de Notícias.

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