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Presidente da Assembleia da Freguesia de Paranhos
Cultura: O não-assunto da campanha!
"Tivemos a oportunidade de assistir a vários debates, cujo modelo e pela rapidez com que decorrem, mais parecem conversas TED-X."
14 Jan 2022, 13:00

Estamos já em campanha oficial para as Legislativas do próximo dia 30 de janeiro. Tivemos a oportunidade de assistir a vários debates, cujo modelo e pela rapidez com que decorrem, mais parecem conversas TED-X.

Entre alguns debates interessantes e outros absolutamente dispensáveis, ficam 3 ou 4 temas em cima da mesa: SNS, Privatizações x Nacionalizações, modelo de crescimento económico e quem apoia quem em função dos resultados no final da noite eleitoral. Basicamente isto…

No país que todos queremos, europeu, razoavelmente apetrechado do ponto de vista tecnológico (apesar do atraso no 5G…), democraticamente estável (vamos acreditar que sim…), é muito pouco!

Não se tem falado de FUTURO: para os jovens (demograficamente em queda!), para os que trabalham e tentam perspetivar a reforma e para os empresários e trabalhadores por conta própria. Também não se tem falado muito do passado, é certo, exceto quando se vão buscar argumentos à esquerda e à direita, do género “sei o que fizeste no verão passado”. É sempre importante ir procurar à História, mais ou menos recente, algumas pistas e lições para compreender o presente e tentar construir esse futuro.

Sou muito benevolente ao dizer que se tem falado de Educação (muito, mesmo!), mas aqui e ali, alguém fala dos Professores e das Escolas. Agora, o que não se falou de todo, foi de, e da, CULTURA!

Sou muito benevolente ao dizer que se tem falado de Educação (muito, mesmo!), mas aqui e ali, alguém fala dos Professores e das Escolas. Agora, o que não se falou de todo, foi de, e da, CULTURA! Nem os sucessivos confinamentos em 2020 e 2021, que demonstraram a generosidade de muitos artistas e a importância das manifestações culturais na manutenção da serenidade e resiliência dos portugueses durante estes duros períodos, trouxeram à luz dos dias políticos a capital importância deste tema global no crescimento económico, civilizacional e social de um país!

Desta vez, os “debatentes” – até agora – nem sequer falaram da percentagem de verba (como se as políticas culturais se fizessem apenas disso…) a atribuir no próximo Orçamento de Estado, seja lá como e quando for aprovado… Nem esta piedosa falácia!

O que queremos para a divulgação da Arte e dos Artistas, na Europa e no Mundo? O que queremos para fomentar e consolidar o aparecimento e crescimento de novos públicos? Qual o impacto que queremos que a Cultura (incluindo as novas tecnologias ao serviço da Criatividade e as Indústrias Culturais) tenha na criação de emprego e no crescimento económico? Que apoios sociais sólidos temos ou não para os Artistas, para o seu presente e para o seu futuro? Como conciliar a Cultura com a Coesão Social? Como solidificar nos programas Escolares um projeto Cultural desde o Ensino Pré-Escolar até ao fim do Ensino Universitário? Que incentivos à criação, ao aparecimento de novos Artistas, que mercados de trabalho se podem explorar? Qual o “estado da Arte” dos Monumentos e Sítios em Portugal, ao nível da manutenção, requalificação, transformação? Estas são apenas algumas das muitas questões que os Portugueses deveriam saber o que pensam os partidos e os candidatos!

Mas também estou em crer que somos muito pouco exigentes, enquanto cidadãos, sobre a ausência de respostas a estas temáticas… temos de fazer mais e melhor a nossa parte!

Enquanto Portugal não olhar para a Cultura, como olha para a Saúde, para a Justiça e para a Economia, seremos sempre um país débil e – aqui, sim – pequenino ou “poucochinho”, com sol, praias e pouco mais.

Isto, apesar do peso da nossa Diáspora e da Língua Portuguesa no mundo…!

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