
Um novo trabalho de investigação da Universidade Nova SBE para o EuroRegião, chamado de “Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI) – Avaliação de Impacto nas diferentes regiões em Portugal”, foi tornado público esta semana e será apresentado nos EuroRegião Talks. A primeira talk arranca amanhã (28.03), em Santarém. Ainda se pode inscrever, gratuitamente, aqui:
O nosso jornal conversou com um dos autores do estudo para explicar quais as conclusões sobre o efeito das verbas europeias nas regiões portuguesas, quando comparadas com o resto do Velho Continente, mas comparando-se entre si.
João Bernardo Duarte, investigador em economia, doutorado por Illinois e professor na Universidade Nova SBE, explica este movimento de convergência, em entrevista exclusiva.
Primeira parte:
EuroRegião: Qual o impacto dos fundos estruturais e de investimento no desenvolvimento económico e social de Portugal ao nível das regiões?
João Bernardo Duarte: Os fundos europeus estruturais e de investimento contribuíram positivamente e de forma significativa para o crescimento económico das regiões. Em média, os apoios pagos permitiram às regiões aumentar o seu Valor Acrescentado Bruto (VAB) em 3,4% ao ano. Para cada euro pago pela União Europeia a um município, o VAB aumentou no mesmo ano cerca de 80 cêntimos, crescendo gradualmente ao longo do tempo, chegando a 2,45 euros ao fim de três anos. Portanto, os apoios têm impacto persistente na criação de valor das regiões e dos municípios.
ER: Qual a região mais impactada positivamente por estes fundos?
JBD: A Região Autónoma dos Açores foi a mais impactada através dos fundos estruturais e de investimento: 2% de crescimento do PIB ao ano, entre 2014/19, teve diretamente a ver com o financiamento europeu.
ER: O que explica os efeitos particularmente positivos nesta região?
JBD: Foi por esta região ter recebido o maior volume de fundos em termos proporcionais, ou seja, em termos da proporção de fundos face ao seu nível de desenvolvimento (VAB inicial da região).
ER: As regiões teriam pior desempenho sem a existência dos fundos?
JBD: Sim, sem dúvida. Sem estes fundos, as regiões que receberam mais apoio, por exemplo, teriam visto o seu crescimento do PIB reduzido em um quarto.

ER: De que forma os fundos da política de coesão contribuem para a convergência de Portugal com a União Europeia?
JBD: De acordo com o nosso estudo, através dos apoios do último quadro comunitário (PT2020), verificou-se uma convergência económica das regiões face ao resto da Europa. Ou seja, houve uma aproximação económica entre as regiões trazendo mais equilíbrio face às regiões europeias.
ER: Como contribuíram os fundos para a convergência regional dentro de Portugal?
JBD: É outra conclusão muito interessante do estudo que realizámos. Sem os fundos estruturais e de investimento do PT2020, as regiões (municípios e NUTS II) teriam ficado mais distantes em termos de desenvolvimento económico entre si, exacerbando disparidades regionais em Portugal. Ou seja, e dito de outra forma, as regiões convergiram entre si devido à existência dos fundos estruturais europeus.
continua…
- Ler a segunda parte da entrevista: “Taxa de execução de Portugal é uma das melhores da UE”.
- Ler a terceira parte da entrevista: “Covid-19 afetou mais as regiões portuguesas do que as regiões do resto da UE”.






