“REGIÕES PORTUGUESAS CONVERGIRAM ENTRE SI DEVIDO AOS FUNDOS EUROPEUS”
João Bernardo Duarte revela, em entrevista exclusiva ao EuroRegião, as principais conclusões do estudo que será apresentado, amanhã, nos EuroRegião Talks, em Santarém.
Manuel Ribeiro / Maria João Silva / Beatriz Abreu Ferreira
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27 de Março 2022, 11:22
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Um novo trabalho de investigação da Universidade Nova SBE para o EuroRegião, chamado de “Fundos Europeus Estruturais e de Investimento (FEEI) – Avaliação de Impacto nas diferentes regiões em Portugal”, foi tornado público esta semana e será apresentado nos EuroRegião Talks. A primeira talk arranca amanhã (28.03), em Santarém. Ainda se pode inscrever, gratuitamente, aqui:

O nosso jornal conversou com um dos autores do estudo para explicar quais as conclusões sobre o efeito das verbas europeias nas regiões portuguesas, quando comparadas com o resto do Velho Continente, mas comparando-se entre si.

João Bernardo Duarte, investigador em economia, doutorado por Illinois e professor na Universidade Nova SBE, explica este movimento de convergência, em entrevista exclusiva.

Primeira parte:

EuroRegião: Qual o impacto dos fundos estruturais e de investimento no desenvolvimento económico e social de Portugal ao nível das regiões?

João Bernardo Duarte: Os fundos europeus estruturais e de investimento contribuíram positivamente e de forma significativa para o crescimento económico das regiões. Em média, os apoios pagos permitiram às regiões aumentar o seu Valor Acrescentado Bruto (VAB) em 3,4% ao ano. Para cada euro pago pela União Europeia a um município, o VAB aumentou no mesmo ano cerca de 80 cêntimos, crescendo gradualmente ao longo do tempo, chegando a 2,45 euros ao fim de três anos. Portanto, os apoios têm impacto persistente na criação de valor das regiões e dos municípios.

ER: Qual a região mais impactada positivamente por estes fundos?

JBD: A Região Autónoma dos Açores foi a mais impactada através dos fundos estruturais e de investimento: 2% de crescimento do PIB ao ano, entre 2014/19, teve diretamente a ver com o financiamento europeu.

ER: O que explica os efeitos particularmente positivos nesta região?

JBD: Foi por esta região ter recebido o maior volume de fundos em termos proporcionais, ou seja, em termos da proporção de fundos face ao seu nível de desenvolvimento (VAB inicial da região).

ER: As regiões teriam pior desempenho sem a existência dos fundos?

JBD: Sim, sem dúvida. Sem estes fundos, as regiões que receberam mais apoio, por exemplo, teriam visto o seu crescimento do PIB reduzido em um quarto.

Começa amanhã, em Santarém, o primeiro EuroRegião Talks. Inscreva-se!

ER: De que forma os fundos da política de coesão contribuem para a convergência de Portugal com a União Europeia?

JBD: De acordo com o nosso estudo, através dos apoios do último quadro comunitário (PT2020), verificou-se uma convergência económica das regiões face ao resto da Europa. Ou seja, houve uma aproximação económica entre as regiões trazendo mais equilíbrio face às regiões europeias.

ER: Como contribuíram os fundos para a convergência regional dentro de Portugal?

JBD: É outra conclusão muito interessante do estudo que realizámos. Sem os fundos estruturais e de investimento do PT2020, as regiões (municípios e NUTS II) teriam ficado mais distantes em termos de desenvolvimento económico entre si, exacerbando disparidades regionais em Portugal. Ou seja, e dito de outra forma, as regiões convergiram entre si devido à existência dos fundos estruturais europeus.

 

continua…

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