Os fundos europeus do Portugal 2030 vão financiar a construção de uma linha de metro ligeiro à superfície que irá ligar Faro a Loulé e Olhão. “No Programa Algarve, pretende-se apoiar a ligação em sistema de metro ligeiro de superfície entre Faro-Aeroporto-Universidade do Algarve-Parque das Cidade-Loulé-Olhão, numa extensão aproximada de 35 km, contribuindo para a descarbonização do sistema de transportes regional e segurança rodoviária,” informa a proposta do Governo para o quadro comunitário, colocada em consulta pública.

Segundo o mesmo documento, o metro vai “servir diretamente é a maior concentração populacional do Sul do País e os mais de 150 mil residentes habituais em zonas urbanas e suburbanas” que “contabilizam diariamente milhares de deslocações pendulares em veículo próprio, muitas vezes com um único ocupante”, assim como os “passageiros embarcados/desembarcados no Aeroporto de Faro que procuram estes centros urbanos e ainda os que optam pela continuação da sua viagem em modo ferroviário”.

A vontade de introduzir o metro ligeiro como complemento à oferta de transportes públicos na região já tinha sido demonstrada pelo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e pela CCDR-Algarve. Para as entidades locais esta proposta para responder aos problemas de mobilidade era há muito aguardada.

Alberto Mota Borges, diretor do Aeroporto de Faro, em declarações ao jornal Sul Informação, destacou a relevância da construção da nova linha: “no que diz respeito aos passageiros que utilizam o Aeroporto, a utilização da ferrovia é praticamente inexistente. Recorrem maioritariamente ao táxi. Também quem trabalha no Aeroporto, na sua grande maioria, se desloca de automóvel”, lamenta.

Também o reitor da Universidade do Algarve, Paulo Águas, partilha da mesma opinião face às necessidades dos alunos. “Um aluno de Olhão, para chegar a Gambelas, de transportes públicos, demora 53 minutos. Se vier num transporte privado demora 18 minutos. O mesmo acontece com, por exemplo, um aluno de Vila Real de Santo António, que demora uma hora de comboio até Faro, mas depois leva mais 44 minutos até Gambelas,” explicou ao mesmo órgão de comunicação.

“Quanto mais nos afastamos de Faro, menor é a percentagem de jovens a escolher a Universidade do Algarve e é também menor a percentagem de jovens que frequentam o ensino superior. Isso é mau para a região,” concluiu.