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Vogal na Assembleia de Freguesia dos Olivais
Tiros nos pés
É aqui que reside, sobretudo, o desafio de Nuno Melo: trazer o CDS para a prática política do séc. XXI.
08 Abr 2022, 13:00

Nos últimos dias têm-nos chegado imagens da Ucrânia que nos transportam para o que de pior conhecemos da Segunda Guerra Mundial. Com uma agravante… é que agora são em vídeo e a cores, disponíveis nos nossos telemóveis. Seja por que tipo de média for, é-nos impossível, em 2022, deixar de ter conhecimento sobre estes atos.

Atos como o de Katyn em 1940, onde mais de 20 mil polacos foram assassinados, foram alvo do jogo do “empurra” de responsabilidades entre alemães e soviéticos durante quase 50 anos. Até que Gorbatchev e Yeltsin liberaram a documentação no início dos anos 90, revelando a autoria como sendo da NKVD. Assim, num ato de decência mínima, a Rússia foi suspensa do Conselho dos Direitos Humanos da ONU.

Para memória futura, mas também para reflexão imediata, passe a antítese, note-se que China, Irão, Síria e Coreia do Norte votaram ao lado da Rússia, algo que nos devia deixar, como Europeus, em alerta no que respeita à relação com estes países.

Talvez agora algumas pessoas deem mais valor à data do 25 novembro de 1975 em Portugal, a começar pelo recém-nomeado ministro da Cultura, onde se afastou a hipótese de, após o 25 de abril, alguns tornarem a Lusitânia num Oblast atlântico da URSS

No panorama político português, o PCP continua a dar “tiros nos pés” em tentar rebater evidências, sendo que o voto contra a presença de Zelensky no Parlamento Português, é apenas mais uma nota de rodapé, num currículo que, neste tema, se assemelha a cadastro. Talvez agora algumas pessoas deem mais valor à data do 25 novembro de 1975 em Portugal, a começar pelo recém-nomeado ministro da Cultura, onde se afastou a hipótese de, após o 25 de abril, alguns tornarem a Lusitânia num Oblast atlântico da URSS….

Francisco Rodrigues dos Santos deu um “tiro nos pés” ao fugir ao Congresso marcado para dezembro último

Do fim de semana passado, resultou a eleição, pelos congressistas reunidos em Guimarães, de Nuno Melo para a presidência do CDS. Com cerca de 75% dos votos para a Comissão Política e 2/3 do Conselho Nacional, demonstrou-se, como se suspeitava e as legislativas confirmaram nas urnas, que Francisco Rodrigues dos Santos deu um “tiro nos pés” ao fugir ao Congresso marcado para dezembro último. Mesmo com o tradicional pragmatismo do povo que “Rei morto, Rei posto”, Nuno Melo só conseguiu estes números esmagadores, quando fez oposição clara e aberta a Rodrigues dos Santos, uma vez que, tanto as bases como o eleitorado tradicional do CDS, não se reveem na linha dogmática e redutora da anterior Direção.

É aqui que reside, sobretudo, o desafio de Nuno Melo: trazer o CDS para a prática política do séc. XXI

Porém, o desafio de Nuno Melo é grande, onde a questão da representação parlamentar é apenas um corolário do problema do partido. Note o leitor que não houve um único direto do Congresso na conta de Facebook, de Youtube, de Twitter ou Instagram do CDS. Numa época em que qualquer adolescente sabe como fazer um live para promover uma qualquer atividade, o CDS colocou-se à mercê do eventual interesse dos media tradicionais que, obviamente, atribuíram um tempo reduzido, ao contrário doutros tempos. É aqui que reside, sobretudo, o desafio de Nuno Melo: trazer o CDS para a prática política do séc. XXI.

Veja-se que à direita, Iniciativa Liberal e Chega continuam com grande avanço tecnológico, tanto sobre o CDS como sobre o PSD. PSD, esse, que num ato de mesquinhez política, sabotou a eleição de Cotrim de Figueiredo para Vice-Presidente da Assembleia da República.

A Iniciativa Liberal agradeceu, pois, este tipo de jogadas, à antiga, são tiros nos pés em 2022.

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