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Vogal na Assembleia de Freguesia dos Olivais
Palcos e prendas de Natal
Isto é, num irónico paralelismo, Moedas poderá ser o “Costa” que sobreviveu ao Socratismo para “vingar um dia mais tarde”…
24 Dez 2021, 17:00

No fim de semana passado, decorreu o 39º Congresso do PSD em Santa Maria da Feira. Sem floreados, Salvador Malheiro, em declarações à TSF, afirmou que “cheirava a poder” e que o momento seria de união. Se as afirmações chocaram os mais púdicos, tanto nas televisões como nas redes sociais, elas provaram-se certeiras. Com efeito, as intervenções de Luís Montenegro e de Paulo Rangel foram marcadas pelo apoio a Rui Rio, não desafinando no diapasão da união.

caso Moedas seja hábil na edilidade lisboeta, levá-lo no futuro a ser o sucessor, num próximo ciclo político, à liderança de Rui Rio

Carlos Moedas, que se apresentou aos olhos dos congressistas, como um vencedor, afirmou de forma entusiástica o apoio a Rui Rio, sem descurar as “amizades políticas” de correntes concorrentes, nomeadamente, Paulo Rangel. A imagem que projetou, do homem que liderou a vanguarda no assalto ao poder socialista, poderá, caso Moedas seja hábil na edilidade lisboeta, levá-lo no futuro a ser o sucessor, num próximo ciclo político, à liderança de Rui Rio. Isto é, num irónico paralelismo, Moedas poderá ser o “Costa” que sobreviveu ao Socratismo para “vingar um dia mais tarde”…

Especulou-se sobre a ida, ou não, de Francisco Rodrigues dos Santos ao encerramento do Congresso do PSD, o que acabou por não acontecer. Pode-se perceber que, sentindo-se despeitado, por orgulho terá dito que não.

Tendo, por tacticismo interno, metido o congresso do CDS “na gaveta”, palco natural para afirmação, caso o vencesse, perdeu, friamente, uma hipótese de causar impacto mediático, disputando tempo de antena em pleno palco de Rui Rio, dando assim uma prova de vida política, reafirmando de viva-voz, e olhos nos olhos, a critica à decisão de Rui Rio em concorrer sozinho. Seria um risco para “Chicão” mas, já que citou Sá Carneiro para zurzir em Rio por não fazer coligação, afirmando que o líder laranja tinha escolhido o PS, deveria também lembrar-se do ex-primeiro ministro da AD quando o mesmo disse que “a Política sem risco é uma chatice” …

Por seu lado, António Costa tem, para lá da pré-campanha, o ónus de governar o país, em pleno inverno, com a pandemia do COVID-19 e com a aparente ascensão de mais uma estirpe.

Provavelmente, o dramático cenário de janeiro de 2021 terá estado na mente do Conselho de Ministros, quando veio antecipar as medidas de contenção. Sendo que não há forma ideal de lidar com a situação, dir-se-ia que a prudência e o bom senso são, de longe, melhores opções do que posts temerários que, de forma amiúde, vemos partilhados em redes sociais.

António Costa poderá pagar o preço da impopularidade de algumas destas medidas, mas livrar-se-á duma fatura maior de não ter agido de forma preventiva. Sendo bom para todos que o SNS aguente a tempestade e António Costa não deixará esses créditos por mãos alheias, fazendo dele alarde, até dia 30 de janeiro.

Bruxelas tem um impacto estruturante na economia portuguesa

Quem teve uma prenda de Natal antecipada foi Pedro Nuno Santos, eventual candidato a sucessor de António Costa. Mais uma vez, Bruxelas tem um impacto estruturante na economia portuguesa ao dar luz verde à restruturação da TAP, permitindo ao ministro das Infraestruturas apresentar-se como um vencedor do dossier.

As cedências nos slots do aeroporto de Lisboa bem como a saída da TAP da Groundforce, Catering e Manutenção no Brasil não são relevantes para o cidadão comum. A questão global que fica sempre um pouco à escolha do freguês, para aquilatar a bondade destas decisões, é esta: o custo de salvar a TAP é inferior ao impacto negativo na economia de a deixar cair? Acho que esta é a pergunta dos “vários milhões de euros” que os portugueses deviam fazer na Ceia de Natal…com ou sem janelas abertas.

Aproveito para endereçar aos leitores do EuroRegião votos de um Bom Natal!

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