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Vogal na Assembleia de Freguesia dos Olivais
O tempo urge
Para os que não se esqueceram do que se foi passando em 2010, até culminar no pedido de ajuda ao FMI, em abril de 2011, é fundamental sair o mais rápido possível do “radar dos aflitos”.
11 Fev 2022, 11:00

Passado o rebuliço e agitação dos resultados eleitorais, a poeira começa a assentar.

Com o respaldo da maioria absoluta, António Costa tem agora mãos livres para escolher a sua equipa ministerial sem necessidade, caso o entenda, de fazer concessões, externas e internas, no que respeita a políticas e respetivos protagonistas. Assim, aguarda-se os nomes que irão ser propostos ao Presidente da República, para ocupar os cargos ministeriais. Justiça e Administração interna deverão, sem novidade, ter caras novas.

A maior expetativa, que será sempre um sinal dado, é se João Leão irá manter a pasta das Finanças. Num momento em que os juros começaram a subir (com o consequente arrastamento dos juros a dez anos da república portuguesa), o perfil do Ministro é relevante.

Note-se que algumas campainhas de alarme começaram a tocar quando, no início desta semana, os supracitados juros cruzaram a linha do 1%. Tendo o Banco de Portugal anunciado, no início deste mês, que a divida pública apurada para o primeiro trimestre de 2021 era de 127,5% do PIB, isto coloca-nos na linha da frente para as agências de rating. Para os que não se esqueceram do que se foi passando em 2010 até culminar no pedido de ajuda ao FMI, em abril de 2011, é fundamental sair o mais rápido possível do “radar dos aflitos”.

Bem sabemos que estamos todos, Portugal e restante Europa, a sair do processo pandémico, mas é conveniente relembrar que o mundo financeiro não é propriamente conhecido por ser compreensivo. Altura certa para lembrar o adágio popular “Fia-te na Virgem e não corras, não” …

tal como Aristóteles terá proclamado, a natureza tem horror ao vazio, sendo o palco mediático aproveitado por aqueles que não o enjeitam

Ao invés do que acontece nos partidos de esquerda, os líderes do PSD e CDS tiraram ilações políticas dos resultados eleitorais e sairão da liderança dos seus partidos. Se nada há a dizer sobre isso, tem de se dizer, por outro lado que, enquanto não forem substituídos, os respetivos partidos não se podem demitir de fazer política. É que, tal como Aristóteles terá proclamado, a natureza tem horror ao vazio, sendo o palco mediático aproveitado por aqueles que não o enjeitam. Não é, pois, de espantar que Chega e Iniciativa Liberal aproveitem tudo, quer nas televisões quer nas redes sociais, que são cada vez mais importantes, para marcarem terreno e expandi-lo.

Por cada dia que passa, o “engagement” destes novos “players”, com a inexperiência e ingenuidade de quem é novo, poderá conduzir o debate político para um estilo mais crispado e belicoso

Em escalas e urgências diferentes, PSD e CDS deverão marcar os seus processos eletivos o mais cedo possível de forma a estancar o protagonismo dos partidos mais novos. Por cada dia que passa, o “engagement” destes novos “players”, com a inexperiência e ingenuidade de quem é novo, poderá conduzir o debate político para um estilo mais crispado e belicoso que em nada beneficia a sociedade portuguesa, tal como se verificou com a rábula do processo de eleição para vice-presidente da Assembleia da República. O tempo urge pois!

A disrupção dos serviços de comunicação da Vodafone Portugal é também um tema marcante desta semana. Independentemente das causas e motivações para o ato, o facto é que a falha de serviço em larga escala, incluindo serviços de emergência, lembrou-nos o quão frágil ficamos, atualmente, sem comunicações.

Se acreditamos na maneira de estar e de viver como Europeus, temos de estar preparados para atuar e defendê-la na sua plenitude

Num mundo em que as incertezas aumentaram e, mesmo às portas da Europa, pairam sombras de conflito, a resiliência das redes de comunicações é tema de segurança incontornável e deve ser levado muito a sério, quer a nível nacional, quer a nível europeu. Assim, as redes de comunicação devem estar totalmente dentro do espectro de segurança e defesa da União Europeia, devendo ser previstas redundâncias, sistemas de backup e tecnologias de retaguarda de forma a suster e a mitigar ações, quer de grupos criminosos, quer de Estados com poucos escrúpulos.

Se acreditamos na maneira de estar e de viver como Europeus, temos de estar preparados para atuar e defendê-la na sua plenitude pelo que, também aqui se aplica o “Fia-te na Virgem e não corras, não” …

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