“A melhor maneira de prever o futuro é inventá-lo”. Com diferentes nuances, esta expressão foi usada por pensadores de referência, desde Abraham Lincoln a Peter Drucker. Os países e regiões, cidades ou empresas que conseguem fazê-lo estão em melhores condições para liderar, na inovação como no crescimento.

Devemos e queremos ser protagonistas de tendências que vale bem a pena acelerar e antecipar. A descarbonização da nossa economia e da vida social, incluindo a mobilidade, é uma delas. No Norte, queremos aliás antecipar as metas de neutralidade carbónica fixadas, no calendário europeu, para 2050. Temos uma posição vantajosa nessa incontornável e necessária corrida.

É também por isso, mas não só, que o acordo firmado há dias, entre o Município de Matosinhos, a CCDR-Norte e a Galp, para a reconversão dos terrenos da antiga refinaria da Petrogal, é uma notícia esperançosa e mobilizadora. Vira uma página numa atividade que foi importantíssima para a Região, mas que hoje, embora empregadora e exportadora, representa um modelo industrial e energético do passado e com um rasto que terá de ser corrigido.

Abre uma nova página para aquele território – que tem a dimensão de uma nova cidade no espaço metropolitano do Porto. Cria novas oportunidades para milhares e milhares de pessoas, incluindo algumas daquelas que foram diretamente impactadas pelo súbito encerramento da refinaria. Pessoas que merecem uma nova oportunidade de vida. Esta será uma transição “justa” que, para este objetivo, terá os apoios necessários.

Há ainda muito futuro por inventar. Mas este projeto é transformador e mobilizador de talentos e instituições de vanguarda

Nesta ambição de um “grande Hub internacional” de criatividade, inovação, ciência e energias limpas anunciado para Matosinhos, que começou agora a ser desenhado, há ainda muitas perguntas sem resposta… Há ainda muito futuro por inventar. Mas este projeto é transformador e mobilizador de talentos e instituições de vanguarda. Será uma longa maratona, com vários “sprints” dentro de si e diversos atletas, que valerá a pena correr e vencer (também aqui testemunhámos a importância da visão e da força de proximidade de um município).

No seu conjunto, este será o maior e um dos mais marcantes projetos de desenvolvimento regional de Portugal no horizonte da próxima década. Ao lado de outros, constitui uma oportunidade histórica de agarrar o futuro, do Norte e de todo o país.

Nota: Este artigo de opinião é, também, publicado no Jornal de Notícias.