summary_large_image
Presidente da Assembleia da Freguesia de Paranhos
Uma eterna descoberta entre Sophia e Agustina
"O Porto é o lugar de onde se ousa sair, mas a que se deseja regressar! Sempre! Do Porto saiu a Liberdade, a Lealdade, a nobreza de caráter e a eterna rebeldia".
21 Fev 2022, 17:00

Não faltam livros, poemas, pinturas, referências, histórias ou acontecimentos sobre o Porto e sobre os portuenses. Sobre as suas características, as suas idiossincrasias e, talvez, sobre alguns dos seus mistérios, tão densos como o nevoeiro de muitas manhãs…

Recentemente, um jornalista do “Le Monde”, prestigiado jornal francês, realizou um périplo pela Invicta e escreveu um artigo onde se refere em destaque a “Beleza Melancólica do Porto”. Basicamente, vagueou pela chamada “baixa”, com pequenas incursões à Casa da Música e Serralves e por todo o seu esplendor social, artístico e histórico.

Não é possível, pois, compreender-se o Porto apenas através dos magníficos azulejos da majestosa Estação de S. Bento, da beleza interior da mundialmente reconhecida Livraria Lello, da imponente e observadora Torre dos Clérigos, ou da famosa Rua de Stª Catarina

Se muitas das características da cidade estão, de facto, por aqui e se, quase por osmose, entraram no código genético dos portuenses, também não é menos verdade, que outras tantas, de igual ou maior importância, estão na periferia marítima e oriental da cidade! Não é possível ser-se “tripeiro” sem (nos) correr no sangue a influência do rio e do mar! De igual modo, a impossibilidade continua se, de Campanhã ou Paranhos, não tivermos as influências rurais nos costumes, tradições e até gastronomia.

Não é possível, pois, compreender-se o Porto apenas através dos magníficos azulejos da majestosa Estação de S. Bento, da beleza interior da mundialmente reconhecida Livraria Lello, da imponente e observadora Torre dos Clérigos, ou da famosa Rua de Stª Catarina.

Sophia, também ela do Porto, dizia que o Porto era “uma Pátria dentro da Pátria”. Esta “pátria” não se resume apenas ao coração da baixa, ou aos pulmões da Casa da Música e Serralves. Há uma rede capilar de emoções, de sotaque, de solidariedades de vizinhança, de comemorações religiosas, políticas ou futebolísticas, que transcendem esse “postal turístico” belo, sim, mas postal, da área explorada pelo referido jornalista.

Daqui resulta que, como dizia Agustina, “o Porto é um sentimento!”. E este sentimento apreende-se e entranha-se com o deambular, preferivelmente silencioso, nestas tais periferias

Daqui resulta que, como dizia Agustina, “o Porto é um sentimento!”. E este sentimento apreende-se e entranha-se com o deambular, preferivelmente silencioso, nestas tais periferias. As calçadas em paralelo desgastado, os cafés e os tascos pouco conhecidos, mas de petiscos únicos e de conversas de Alma portuense, a roupa que seca ainda pendurada em corda, em janelas casas antigas, viradas para rua, contam-nos (quase) tudo sobre este “sentimento” agustiniano, que irradia da “pátria” de Sophia!

O Porto é o lugar de onde se ousa sair, mas a que se deseja regressar! Sempre! Do Porto saiu a Liberdade, a Lealdade, a nobreza de caráter e a eterna rebeldia. Para regressar a um futuro sempre por cumprir.

É uma cidade que não abandona a sua única, popular e inimitável francesinha, mas que se revê também noutras fusões gastronómicas contemporâneas, sem as “glorificar, mas nunca lhes retirando a sua dignidade estrangeira. É assim também com quem a visita: mostra sem receios e com vaidade que é, mas abre a porta de sua casa com fidalguia e de braços abertos.

O Porto é o lugar de onde se ousa sair, mas a que se deseja regressar! Sempre! Do Porto saiu a Liberdade, a Lealdade, a nobreza de caráter e a eterna rebeldia. Para regressar a um futuro sempre por cumprir

Não se trate, pois, o Porto, como um postal! É sempre bom quando escrevem sobre nós, portuenses, mas não façam copy-past

  Comentários