AMBIENTALISTAS PORTUGUESES ACREDITAM QUE OS CIDADÃOS QUEREM MUDAR COMPORTAMENTOS
As associações ambientalistas defendem que as pessoas estão dispostas a mudar os seus hábitos, mas falta iniciativa aos governos.
Redação
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29 de Outubro 2021, 17:19
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No âmbito da cimeira das Nações Unidas sobre o clima, que arranca este domingo (31/10) em Glasgow, na Escócia, a Lusa falou com associações ambientalistas nacionais que consideram que os cidadãos estão dispostos a alterar comportamentos, mas os governos não.

Catarina Grilo, diretora de conservação e políticas da Associação Natureza Portugal (ANP/WWF), considera que “principalmente as gerações mais jovens estão dispostas a agir agora e estão desgastadas com promessas dos governos”. Se os governos “não compreenderem estes sinais e não forem ao encontro do que os cidadãos pretendem, poderemos assistir a curto prazo a alterações profundas nos nossos sistemas sociais”, avisa.

Segundo a mesma, os jovens apresentam “sinais de desilusão” com os políticos e esta só poderá ser recuperada se os governantes “tomem decisões com base na natureza”.

“As lutas nas linhas de frente, as lutas contra privatizações nos sectores-chave e as mobilizações climáticas mostram que os cidadãos comuns estão muito mais dispostos a alterar o quotidiano do que os governos e as empresas”, afirma Inês Teles, do movimento Climáximo, à agência Lusa, lembrando a última manifestação em Lisboa para defender a ciclovia.

Já Francisco Ferreira, presidente da Zero, reforçou a necessidade de “políticas públicas adequadas e criativas para transformar a transição energética num conjunto de vantagens para o cidadão”, explicando à mesma fonte que, “a chave está em tornar num ganho a mudança de hábito. Por exemplo, se os transportes públicos forem frequentes, cómodos e baratos, as pessoas só ganham se passarem a deixar o carro em casa, e aí a mudança acontecerá naturalmente”.

No âmbito da cimeira do clima, a Zero lembrou ainda que a transição verde é menos significativa em países mais pobres, e com menos responsabilidade histórica pelas alterações climáticas, por isso, considera que será um “ponto absolutamente chave” da cimeira o investimento dos países mais ricos na adaptação dos países vulneráveis, “uma questão de justiça climática e de solidariedade entre povos, vitais para o sucesso”.

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