01 Nov 2021, 09:00					As cidades hoje, tal como na Antiguidade Clássica, têm um protagonismo e dinâmicas próprias que por vezes chegam a ser mais mediáticas, em diversos contextos, que os próprios países ou do que muitos países, inclusive. Por exemplo Bruxelas, Rio de Janeiro e São Paulo, Paris, Davos, Nova Iorque ou Cabul.
Desta forma, a própria ideia de cidade, o seu desenvolvimento, a qualidade de vida das pessoas, o ambiente, o crescimento urbano e, em alguns casos, a gentrificação ou perda de habitantes, são condicionados pelos denominados macro e microproblemas.
No caso do Porto, poderemos, sem errar muito, definir como macroproblemas: a Segurança, a Mobilidade, a Habitação e a Economia local (restauração, comércio, turismo, essencialmente)
No caso do Porto, poderemos, sem errar muito, definir como macroproblemas: a Segurança, a Mobilidade, a Habitação e a Economia local (restauração, comércio, turismo, essencialmente). Noutras cidades poderá ser a falta de Escolas, o encerramento de Serviços Hospitalares e de Saúde ou até a falência de empresas de média dimensão que imediatamente colocam a centenas de pessoas graves problemas sociais. E, obviamente, também a toda a comunidade!
Quanto àquilo a que podemos designar por microproblemas e que à partida poderão ser suscetíveis de uma certa desvalorização ou interesse coletivos, será bom revisitar um livro sobre Liderança, escrito por Rudolph Giuliani, Mayor de Nova Iorque na altura do trágico 11 de setembro. O agora ex-Mayor preparava-se para ser considerado, num cenário de normalidade, como um dos mais reputados e eficientes governantes da “big apple”. Basicamente, adotou como uma das traves-mestras da sua política a “Teoria das janelas partidas”, desenvolvida na Escola de Chicago nos anos 60.
Esta teoria defendia que se alguém partisse a janela de um edifício ou de um automóvel abandonados e ninguém fizesse a respetiva reparação num curto espaço de tempo, rapidamente a desordem geraria desordem e o vandalismo tomaria conta da sociedade.
Apesar de tudo e se mais não tivesse sido aproveitado, esta referida corrente de pensamento colocou sob os holofotes a importância dos pequenos problemas, daqueles com que diariamente nos deparamos e que nem ligamos ou deixamos para que “outros” se preocupem
Claro que esta “ligeireza” de pensamento poderia ter como objetivo (ou consequência…) uma repressão com tolerância zero e as discussões sobre a sua efetiva bondade e pertinência como solução a adotar, foram sempre retomadas. Não terá sido, no entanto, o que se passou em Nova Iorque.
Apesar de tudo e se mais não tivesse sido aproveitado, esta referida corrente de pensamento colocou sob os holofotes a importância dos pequenos problemas, daqueles com que diariamente nos deparamos e que nem ligamos ou deixamos para que “outros” se preocupem: o carro mal-estacionado, o saco do lixo mal fechado ou fora do sítio, os dejetos dos animais nos passeios, o papel ou a ponta de cigarro que se atira para o chão (e que agora dá multa…!), o não cumprimento de horários, entre outros “pequenos” desleixos que se vão acumulando e que funcionam como o colesterol na capilaridade viva da cidade: entopem a fluidez do quotidiano!
Claro que o Poder Político Local (seja onde for) tem um papel determinante sem ser, no entanto, determinista. A “malha fina” de problemas de uma cidade tem de ser uma preocupação.
Questões como a manutenção dos espaços públicos, os obstáculos nas vias de circulação (os famosos pinos na cidade do Porto), a racionalidade das ciclovias, o mobiliário urbano de depósito de lixos diversos em quantidade suficiente e bem localizados, as alterações de sentido nas ruas, o policiamento de proximidade não pode ser descurado pelos governos locais, mas o cidadão individualmente tem uma palavra muito importante na construção de uma cidade: desde logo, não atirar a primeira pedra a uma qualquer janela.
Invista-se na Educação, na Informação, na Cultura e na Coesão Social e muitos dos problemas não chegarão “às ruas”.
																
																
																
																		
																		
																		
          
          
          
          
          
          
      
					
										
                  
                  
                
                  
                  
                
                  
                  
                  
                
                  
                  
                  
                
                  
                  
                  
                
                  
                  
                  
                
                  
                  
                  
                
                  
                  
                  
                
                  
                  
                  
                
                  
                  
                  
                
                  
                  
                  
                  
                  
                        
                        
                  
                
                  
                  
            
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