PORTUENSES MANTÊM A MÁSCARA, PARA JÁ
A 1 de outubro, o uso de máscara deixou de ser obrigatório no pequeno comércio e a lotação máxima também já não tem limites impostos pela pandemia.
Manuel Ribeiro
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1 de Outubro 2021, 19:00
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A manhã é de nevoeiro, como habitual nesta região nortenha. Para quem chega do sul, o Freixo e a Arrábida são as portas de entrada para o Porto. Mas é preciso estar atento à hora em que se cruza as margens do Douro pois o trânsito já voltou ao que era antes da pandemia.

Neste primeiro dia de outubro, altura em que começa a nova fase de desconfinamento, é também o momento em que a maior parte dos trabalhadores, que ainda estavam em teletrabalho, voltam para o escritório.

A partir de agora, o país deixa de estar em contingência e passa ao estado de alerta. Em espaços comerciais pequenos deixa de ser obrigatório o uso de máscara e acaba o limite de pessoas no seu interior.

Mas os portuenses vão mantendo a máscara, para já. Na Pastelaria Casa Bacelar é percetível que a terceira fase de desconfinamento ainda não produziu efeitos. Os avisos para “tirar a máscara apenas para comer” mantêm-se na parede e o balcão central continua com mesas a demarcar a zona de segurança entre os clientes e os funcionários, todos com a máscara colocada.

Na Confeitaria Tavi, na Foz, a manhã foi normal em termos de afluência de clientes. “As pessoas sem máscara eram poucas, têm receio”, diz o senhor Arnaldo, funcionário. “Esta manhã, houve pessoas que entraram e perguntaram se podiam estar sem a máscara no interior”, acrescenta. “Respondi-lhes que sim, podem estar sem máscara, mas, para já, eu vou resguardando-me”, afirma o colaborador mais antigo da Tavi que tem “26 anos ao contrário: vim para aqui, há pouco tempo, desde 1975”, esclarece os trocadilhos sempre com boa disposição.

Os bares e as discotecas também reabriram esta noite, com exigência de certificado digital, não sendo obrigatório o uso de máscara pelos clientes. Contudo, o senhor Arnaldo tem esperança que volte tudo à normalidade, mas “não para já”, diz que é cedo, sobretudo agora que se vai entrar no inverno. “Acho que as máscaras também foram boas para combater a gripe, no ano passado”, reflete o funcionário que lamenta o possível regresso da confusão às manhãs dos fins de semana nas ruas da Foz, com a abertura dos bares e discotecas.

Sala de chá da pastelaria Tavi, na Foz, Porto. Foto: Manuel Ribeiro

Do outro lado da Rua Senhora da Luz, José Ferreira gere o Talho Novo da Foz há 40 anos. O talhante começa por afirmar que “é bom desconfinar”, mas não vai obrigar ninguém a utilizar máscara dentro do seu estabelecimento. “Se entrarem com máscara, tudo bem, se não, também não vou contrariar o cliente”. No entanto, vai recomendar a sua utilização.

“Esta manhã, por exemplo, foi movimentado e toda a gente utilizou máscara, os meus funcionários inclusive. Até dois fornecedores entraram por aí dentro, descarregaram o que tinham a descarregar, sempre com a máscara”, comenta o gerente de 68 anos.

O uso da máscara ainda está para durar por algum tempo. O senhor Ferreira diz que vai continuar a utilizar a sua no trabalho porque sofre de doença coronária e desde há dois anos para cá esse problema desapareceu. “Vou às câmaras frigoríficas muitas vezes ao dia e vou sempre de máscara, que me protege do frio. Andava sempre constipado e desde a utilização da máscara nunca mais tive constipações”, completa o senhor Ferreira despedindo-se com a promessa que vai manter uma máscara na porta da câmara frigorifica para a colocar sempre que lá entrar.

Máscara obrigatória nos transportes públicos, lares de idosos e hospitais

A máscara deixa de ser obrigatória na rua, mas mantém-se a exigência de utilização em transportes públicos, visitas aos hospitais, espetáculos culturais em recintos onde não seja possível manter a distância de dois metros entre as pessoas e nas grandes superfícies comerciais.

“Não podemos esquecer que a pandemia não acabou e que, embora controlada, o risco permanece. Sabemos que as vacinas não asseguram imunidade total e há uma faixa muito pequena de recusa de vacinação”, lembrou o primeiro-ministro, no último Conselho de Ministros.

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