NONAGON: INOVAÇÃO COM SOTAQUE AÇORIANO
O EuroRegião conversou com Teresa Ferreira, Presidente do Conselho de Administração do primeiro Parque de Ciência e Tecnologia dos Açores.
Beatriz Abreu Ferreira / Manuel Ribeiro
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8 de Setembro 2021, 11:15
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O termo “Nonagon” é um paralelismo entre os nove ângulos e lados de um polígono e as nove ilhas do arquipélago dos Açores. Além disso, Nona, uma das personificações femininas do destino segundo a mitologia romana, era a deidade associada à gravidez, e invocada para que concedesse um bom presságio para a nova vida, uma referência simbólica para um parque envolvido no acompanhamento e apoio a novos projetos.

O nome foi escolhido num concurso de ideias lançado pelo Governo Regional, “toda a população açoriana contribuiu com ideias para o nome”, afirma a presidente da Nonagon, Teresa Ferreira, em conversa com o EuroRegião, via telefone. Entre as cerca de três mil candidaturas, o júri escolheu esta designação pela “originalidade, criatividade e identidade regional”.

O parque Nonagon é uma iniciativa do Governo Regional em parceria com a Câmara Municipal de Lagoa, cidade onde está situado, na ilha de S. Miguel. É um parque orientado “em receber e acompanhar sobretudo empresas nas áreas das TIC”, começa por explicar a dirigente do Parque Tecnológico. “Dentro deste foco, o Nonagon procura ser um polo agregador na prestação de serviços especializados e apoio técnico, direcionados à promoção da transferência de conhecimento para as empresas, e à incubação de empresas de base tecnológica, fomentando o surgimento de start-ups e spin-offs, com reflexos ao nível da criação de emprego qualificado e na materialização de novos produtos e serviços de elevado valor acrescentado”, descreve a responsável.

O centro procura, igualmente, alinhar a sua atuação com a RIS3 – Estratégia de Investigação e Inovação para a Especialização Inteligente dos Açores. Cada Região tem uma RIS3 definida. “No caso dos Açores são o Mar e Pescas, Agricultura, Pecuária e Agroindústria e o Turismo. E por isso, o Nonagon alberga também projetos nessas áreas de intervenção”, acrescenta.

Equipa do Nonagon, o primeiro Parque de Ciência e Tecnologia dos Açores que celebra o sexto aniversário. Foto: Nonagon.

Incubadora Go-On apoia empreendedores a desenvolver novos projetos

O parque tem dentro da sua estrutura uma incubadora cujo espaço físico “comporta sete projetos”. De acordo com Teresa Ferreira, as empresas cada vez mais procuram a modalidade de Incubação Virtual para, a partir de qualquer parte do mundo, poderem beneficiar das mais valias de se incubarem no Nonagon. “O nosso período de incubação é de quatro anos”, informa.

As start-ups, com menos de 3 anos de atividade, recebem orientações de como fazer planos de negócio, de marketing, provas de conceitos, etc. “As provas de conceito são muito importantes para evitar a mortalidade das empresas”, alerta. “Grande parte da mortalidade das empresas deve-se ao facto de o empreendedor não perceber se é o momento certo para lançar o seu produto, se há mercado ou se o mesmo está disposto a pagar o valor que ele pede pelo produto ou serviço. Trabalhamos muito estes aspetos sobretudo na fase de pré-incubação”, explica a Presidente da Nonagon.

Quando as empresas passam o período inicial, entram numa fase de desenvolvimento empresarial que corresponde a outras dinâmicas de orientação dentro do ciclo de vida da empresa, nomeadamente, a consolidação do produto ou serviço, internacionalização, joint-ventures, diversificação do produto, etc. “Nós seguimos a metodologia da EBN, que é a entidade que nos reconhece com uma certificação de qualidade EU | BIC (Business Innovation Center), nós somos um dos sete EUBICS reconhecidos em Portugal, por esta rede internacional, que é a única reconhecida pela Comunidade Europeia para dar apoio à atividade empreendedora”.

Nonagon tem o apoio de fundos comunitários

O projeto prevê a construção de mais infraestruturas, com apoios da União Europeia. Mas, neste momento, apenas uma está construída e em pleno funcionamento.

A segunda infraestrutura será um Centro Empresarial de Tecnologia de Informação e Comunicação. A empreitada, com um orçamento base de seis milhões de euros, arrancou em 2020, prevendo-se  a sua inauguração em meados de 2022.

“Este novo edifício será uma infraestrutura favorável ao surgimento de novas empresas de base tecnológica, promovendo atividades de I&D empresarial e estimulando a criação de núcleos empresariais de tecnologias avançadas”, explica a Presidente do Nonagon.

Numa altura em que o projeto celebra 6 anos de vida, “o Parque está 100% cheio”. Ao todo, são 38 empresas nas várias tipologias de acolhimento, “temos as empresas start-up, empresas de desenvolvimento empresarial, soft-landing e as virtuais”. Foi então decidido avançar com a construção do segundo edifício “que pretende assegurar um contexto de trabalho tecnologicamente avançado com espaços de natureza pioneira na Região, possibilitando resultados genuinamente inovadores e disruptivos, nomeadamente um FAB LAB e uma estrutura de computação de alto desempenho”, conclui Teresa Ferreira.

De um modo geral, o Nonagon pretende ser um organismo estruturante na inovação tecnológica e na instrução de capital humano qualificado no âmbito dos sistemas de informação e comunicações, na monitorização e observação da terra, do espaço e do mar.

Além disso, pretende afirmar-se como um agente catalisador de sinergias nos processos de transferência tecnológica do ecossistema de inovação dos Açores, e fomentar a articulação entre o setor público, privado e universitário, conducente à criação de um novo paradigma de desenvolvimento.

O projeto tem uma comparticipação de 85% do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

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