Nas últimas décadas, a aposta agrícola no Alentejo passou a centrar-se nos olivais que, neste momento, dominam a exploração agrícola da região. Segundo a Rádio Campanário, esta mudança deve-se, em grande parte, ao facto de 70% das terras, especialmente as que ficam junto do Grande Lago de Alqueva, terem mudado de proprietários nos últimos 10 anos, o que fez com que as culturas de grão do passado dessem lugar aos mega latifundiários assentes em fundos internacionais.
Segundo a revista Sábado, citada pela Rádio Campanário, 65% dos olivais do Alentejo pertencem a 6 grandes grupos, que gerem a sua cultura e produção, o que faz com que a região esteja mais dependente de países produtores de cereais, como a Rússia e a Ucrânia.
Rui Garrido, Associação de Agricultores do Sul (ACOS), afirma que: “a questão dos cereais preocupa-nos largamente, porque a Ucrânia e a Rússia contribuem com 30% dos cereais que vêm para a Europa”, mas refere que Portugal não depende só dos dois países em conflito.
“No caso português não é bem assim, ou seja, no trigo, o nosso grande fornecedor tem sido a França, Roménia e Ucrânia. No caso do milho sim, dependemos muito da Ucrânia. Faltando esse cereal na Rússia e na Ucrânia, é mais esse que não vem para a Europa”, explicou em declarações ao Jornal Planície.
Segundo a mesma fonte, são esperadas consequências “imediatas no aumento do (preço) das rações e é um custo acrescido para a pecuária”. Sem querer ser alarmista, apesar dos dados não enganarem, o presidente da ACOS alertou: “Nos cereais, o número de hectares semeados, é o mais baixo dos últimos 100 anos, segundo o INE (Instituto Nacional de Estatística). A acrescer a isto, a seca na região fará com que a produção de cereais seja pequena”, processo que pode piorar “com o perigo do aumento dos factores de produção todos os dias, como o adubo, as rações, os combustíveis e a energia”, concluiu.
