OS CINCO DEBATES MAIS MARCANTES DA SEGUNDA SEMANA
O duelo entre Costa e Rio centrou todas as atenções da segunda ronda dos frente a frente, mas Catarina Martins, João Cotrim de Figueiredo e João Oliveira também quiseram dar um ar da sua graça.
Duarte Pereira da Silva
Texto
17 de Janeiro 2022, 21:01
summary_large_image

O debate entre António Costa e Rui Rio marcou, inevitavelmente, a segunda ronda de debates da campanha eleitoral. Contudo, não foram apenas os líderes do PS e do PSD que estiveram frente a frente. Catarina Martins, João Cotrim de Figueiredo e João Oliveira (na ausência de Jerónimo de Sousa) também quiseram dar um ar da sua graça.

António Costa – Rui Rio

Os líderes do Partido Socialista e do Partido Social Democrata trocaram, durante mais de uma hora, argumentos. O salário mínimo, o serviço nacional de saúde, a carga fiscal ou a TAP foram alguns dos temas dominantes.

Rui Rio começou ao ataque, acusando António Costa de ter falhado ao país, sobretudo “ao nível da economia e dos serviços públicos”, com destaque para o Serviço Nacional de Saúde”. Na resposta, o Primeiro-Ministro citou o Presidente da República – “é urgente virar a página da pandemia” – e contra-atacou, argumentando que Rio foi contra o aumento do salário mínimo.

O líder do PSD não se ficou e afirmou que, após a queda da geringonça, os socialistas não têm condições para governar o país. Costa respondeu que, caso o PS vença e não tenha maioria, não virará a cara aos portugueses, procurando soluções governativas.

A fechar o debate, e depois de uma discussão acesa sobre os modelos económicos que cada partido defende para Portugal, Rio trouxe a TAP para o debate, afirmando que a “empresa que dizem de bandeira, mas que apenas serve o aeroporto de Lisboa e de forma indecente, não devia ter sido nacionalizada por este Governo”.

António Costa ripostou: “Não nacionalizámos, nós comprámos para garantir que o privado não daria cabo da TAP se fosse à falência. A TAP salvou-se porque o Estado e o grupo Barraqueiro estavam lá”, defendeu.

De acordo com a maioria dos analistas, Rui Rio ganhou o debate. Por outro lado, na primeira sondagem após o frente a frente, os socialistas aumentaram a vantagem para os sociais democratas.

António Costa – Catarina Martins

Num debate após o fim da geringonça, é caso para dizer que o divórcio foi litigioso. António Costa esteve todo o debate ao ataque, culpabilizando o Bloco de Esquerda pela queda do Governo, chegando mesmo a afirmar que “a direção do Bloco de Esquerda cansou-se de ser parte de uma solução e voltou a ser um partido de protesto”. Catarina Martins respondeu de imediato, dizendo que “foi mel dizer aos cuidadores informais que são tão esforçados que teriam 30 milhões em cada orçamento, mas depois veio o fel e o Governo guardou 98% da verba na gaveta”.

Apesar de ter sido um debate a ferro e fogo, a coordenadora do Bloco de Esquerda não fechou a porta a eventuais entendimentos, tendo como grandes bandeiras o SNS e a legislação laboral. Por sua vez, António Costa afirmou que “só sai se perder as eleições. Não faço chantagens. Não sou o professor Cavaco Silva”, lembrou.

Rui Rio – João Cotrim de Figueiredo

Se o debate entre António e Catarina foi quentinho, o frente a frente entre Rui e João marcou uma clara aproximação entre os dois partidos.

Rui Rio começou por afirmar que “temos tanto socialismo e Estado em cima de nós que a convergência não é difícil. Mas no trajeto iríamos divergir”. Quanto a Cotrim de Figueiredo, e apesar de convergir em alguns pontos com o líder do PSD, referiu que “numa sociedade como a portuguesa, a posição que o PSD assume (…) não conduz a uma alternativa verdadeira”.

Sobre impostos, os dois partidos concordam em descer o IRS e o IRC, mas Rio recusa a implementação de uma taxa única de IRS, alegando que “a receita leva a um tombo absolutamente brutal”. Sobre o SNS, TAP ou educação, PS e IL divergem em alguns pontos, mas nada que faça cair um eventual entendimento pós-eleições.

A finalizar, João Cotrim de Figueiredo disse que, ao contrário de outros, numa clara alusão ao CHEGA, não faz questão de ter lugares, enquanto o líder do PSD reconheceu que a IL é um parceiro com quem facilmente se entenderia.

António Costa – João Cotrim de Figueiredo

O debate entre António Costa e João Cotrim de Figueiredo foi, na sua grande maioria, dominado pela questão fiscal. Situados em dois lados opostos da barricada, os líderes do PS e da IL concordaram em discordar, exceção feita à regionalização.

O Primeiro-ministro atacou a proposta liberal sobre a implementação de uma taxa única do IRS, argumentando “paga o mesmo quem ganha 300 e quem ganha 300 mil”. Cotrim defendeu-se, explicando que as propostas da IL cumprem requisitos institucionais de progressividade.

A Segurança Social foi outro dos temas em que discordaram. Cotrim de Figueiredo defende um modelo misto, sendo que os trabalhadores só põem metade das suas contribuições no sistema público, ficando o resto para investimento na bolsa. Costa partiu para o ataque, referindo que a proposta dos liberais levou milhões de americanos a perderem as suas pensões.

Rui Rio – João Oliveira

Em substituição de Jerónimo de Sousa – o líder comunista teve de ser operado de urgência –, João Oliveira esteve frente a frente com Rui Rio. Tal como no debate entre o PS e a IL, as propostas para o país não poderiam ser mais diferentes.

Sempre num tom cordial, João Oliveira e Rui Rio começaram por discordar na questão salarial, com o líder do PSD a afirmar que os sociais democratas defendem “menos impostos e o PCP defende mais”. João Oliveira não se ficou afirmando que “salários acima do mínimo não aumentaram porque as propostas foram rejeitadas pelo PS, mas também pelo PSD. Não há perspetiva de que o PSD possa ser alternativa”.

Outro dos temas em cima da mesa foi a queda do Governo, mas, nesse aspeto, João Oliveira e Rui Rio concordaram: a responsabilidade foi do governo.

“O PS estava convencido de que se fossemos agora para eleições teria maioria absoluta e fez tudo o que podia para ir a eleições. Como é que se explica que um Governo que queria mesmo ter um OE em plena pandemia não tivesse dado resposta a uma única proposta de reforço do SNS?”, afirmou o comunista. Já Rui Rio, apesar de discordar das ideias comunistas, referiu que “a culpa é integralmente do Governo apesar de eu não estar de acordo com o PCP. António Costa entregou-se e o PCP não pediu nada que não seja do seu histórico”.

 

Foto: Captura de tela – RTP

  Comentários