DIVERGÊNCIA "INULTRAPASSÁVEL" DIVIDE A UE
Primeiro-ministro fala em “divergência de fundo e que se revelou inultrapassável” quanto ao problema da volatilidade dos preços da energia na Europa.
Redação
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20 de Dezembro 2021, 19:00
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O Conselho Europeu não conseguiu chegar a um entendimento relativamente ao problema dos preços da energia. De acordo com o Primeiro-ministro, em declarações no final da reunião de Conselho Europeu que decorreu dia 16 de dezembro, em Bruxelas, apesar de todos terem mostrado “grande preocupação com a situação de volatilidade dos preços da energia”, não foi possível chegar a uma posição comum “devido a uma divergência de fundo e que se revelou inultrapassável”.

Segundo António Costa, o problema prende-se com o processo de descarbonização da economia e “no caminho para alcançar esse objetivo”.

“Por um lado, um conjunto de países insiste que se deve considerar a energia nuclear como uma energia importante para a transição climática”, uma vez que “entendem que só conseguirão alcançar esse objetivo com recurso à energia nuclear países tão diversos como a Polónia ou a França”.

Portugal “sempre recusou” a energia nuclear

Contudo, “uma maioria significativa de países recusa ver a energia nuclear como uma energia verde e segura, e que, portanto, deva ser vista como uma boa energia para assegurar a transição climática,” é o caso de Portugal “que sempre recusou”, explicou António Costa, lembrando ainda que “há países que, no passado, adotaram a energia nuclear e tomaram a decisão de a descontinuar, como a Alemanha ou a Espanha. E há países que estão neste momento ainda a desativar as suas próprias centrais nucleares”.

De acordo com o relato do Primeiro-ministro, “alguns Estados-membros entendem que é necessário pôr termo às taxas sobre a emissão de carbono, que têm sido um instrumento muito importante para induzir os investimentos necessários para apoiar a transição climática”, pelo que também não foi possível chegar a acordo.

“A situação em Portugal é particularmente exemplar, tendo em conta que, num contexto de grande subida da energia, nós temos uma redução de energia elétrica no mercado regulado e uma grande redução da tarifa de ligação à rede para a indústria, o que só é possível graças ao facto de termos começado a investir cedo nas energias renováveis, e termos hoje já uma incorporação muito elevada no nosso mix energético de energias renováveis”, argumentou o chefe do Executivo português.

Na mesma reunião, os líderes europeus enalteceram a recuperação económica da União e “as medidas que, de forma coordenada e maciça, foram adotadas [pela União Europeia e] criaram as boas condições para que a Europa tenha respondido a esta crise de forma completamente diferente”.

O Primeiro-ministro destacou que na última “crise financeira, foram necessários 33 trimestres para recuperar o nível de emprego anterior à crise e, nesta crise da pandemia, foram necessários sete trimestres” para alcançar uma “recuperação económica robusta”.

Além disso, os chefes de Estado apelaram também à adoção de uma “Bússola Estratégica”, no Concelho Europeu de março de 2022, um documento que deverá conferir maior autonomia e responsabilidade à União para a sua estratégia de segurança e defesa.

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