FERROVIA 2020: VEM AÍ UMA REVOLUÇÃO FERROVIÁRIA
Portugal vai investir mais de 2 mil milhões de euros na intervenção de 1000 km de linhas ferroviárias. Saiba os planos para transformar a ferrovia no “transporte do futuro”.
Redação
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10 de Setembro 2021, 10:00
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O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, apresentou no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa, o Plano Ferroviário Nacional. O objetivo é encurtar distâncias, entre cidades nacionais e internacionais, e apostar na proteção ambiental.

As três metas principais do projeto são estender a ferrovia a todas as capitais de distrito, reduzir o tempo de viagem entre Lisboa e Porto e promover melhores ligações entre a rede ferroviária e as infraestruturas portuárias e aeroportuárias.

Outras prioridades são garantir uma cobertura adequada do território, ligando os centros urbanos mais relevantes, e assegurar as ligações transfronteiriças ibéricas, bem como a integração na rede transeuropeia. Assim, através das ferrovias, Portugal pretende integrar-se nas principais cadeias logísticas nacionais e internacionais, fomentando o transporte de mercadorias e em particular as exportações.

Para isso, Portugal conta com o apoio financeiro da União Europeia através do Programa Connecting Europe Facility (CEF) e do Programa Portugal 2020, a que se poderá juntar o Plano Juncker e o contributo direto do orçamento da Infraestruturas de Portugal.

Segundo Pedro Nuno Santos, este programa permitirá dar mais centralidade à ferrovia, algo que ajudará à preservação do ambiente. “Se queremos tirar carros das cidades, precisamos de ferrovia pesada a chegar ao centro das cidades,” afirmou. Para o ministro das Infraestruturas e da Habitação, o transporte ferroviário é “o futuro” e não deve servir apenas o litoral do país.

O programa está divido em quatro corredores da rede ferroviária:

Corredor Internacional Norte – 250 km de linha férrea a intervencionar

Permitirá consolidar a ligação entre a área metropolitana do Porto e o centro litoral (particularmente os seus portos, aeroportos e plataformas logísticas) a Espanha e ao resto da Europa.

O objetivo é duplicar a capacidade diária atual, permitir comboios elétricos na totalidade da linha da Beira Baixa, melhorar alguns troços e rasantes, e melhorar as condições de segurança através de sinalização sonora e eliminação de passagens de níveis.

Investimento: 676 milhões de euros

Corredor Internacional Sul – 170 km de linha férrea a intervencionar

A proposta é alargar a ligação portuária de Sines, Setúbal e Lisboa para melhorar a eficiência do serviço de transporte de mercadorias.

Os trabalhos nas linhas férreas vão assegurar a ligação entre o sul do país e a Europa, e a ligação direta entre Sines e Elvas/Caia.
A capacidade será duplicada e a segurança será melhorada.

Investimento: 627 milhões de euros

Corredor Norte-Sul – 200 km de linha férrea a intervencionar

Este corredor deverá unir Valença a Lisboa e melhorar a ligação entre o Eixo Atlântico de Portugal e a Europa.
A capacidade diária será triplicada, e serão aumentadas a fiabilidade de exploração e a segurança.
Será ainda possível aumentar a capacidade de carga para os comboios de mercadoria na linha Norte e reduzir o tempo dos trajetos.

Investimento: 380 milhões de euros

Corredores Complementares – 260 km de linha férrea a intervencionar

Nas linhas complementares os trabalhos serão focados na melhoria das condições de segurança e de funcionamento (modernização das vias, eletrificação, e instalação de sistemas de sinalização e telecomunicações).

Investimento: 264 milhões de euros

Fonte: Infraestruturas de Portugal

O plano inclui a construção de um troço considerado pelo Secretário de Estado das Infraestruturas, Jorge Delgado, como uma “linha de alta velocidade” entre Évora e Elvas, e com cerca de 80 km. Segundo o mesmo, esta é apenas a segunda vez em 90 anos que é construída uma linha nova em Portugal. Além disso, a linha da Beira Baixa (entre a Covilhã e a Guarda) vai ser reaberta.

O objetivo é aumentar gradualmente o fluxo de passageiros e mercadorias, contribuindo para a descarbonização, proteção do ambiente, desenvolvimento económico e melhoria da qualidade de vida da população. Passará a ser possível, por exemplo, fazer o trajeto Lisboa-Leiria em 35 minutos e encurtar em uma hora no tempo de viagem entre Lisboa e Guarda.

Segundo Jorge Delgado, o Governo está determinado a concluir “todas estas obras até ao final de 2023”.

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