AMBIENTALISTAS ALERTAM PARA PERIGO DE EXPOSIÇÃO A AMIANTO NAS ESCOLAS
Segundo as associações, a decisão das autarquias de remover fibrocimento durante o período letivo pode ser perigosa para a comunidade escolar.
Redação
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5 de Novembro 2021, 14:00
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Apesar da remoção do fibrocimento ser benéfica, o Movimento Escolas Sem Amianto (MESA) e a Associação Sistema Terrestre Sustentável ZERO alertaram para os perigos de efetuar o procedimento nas escolas durante o período letivo, o pode provocar a exposição acidental da comunidade escolar a fibras de amianto.

Segundo as associações ambientalistas, as autarquias não forneceram informação suficiente aos pais, encarregados de educação e professores sobre a remoção de fibrocimento das escolas, dando origem a um “clima de preocupação” que terá levado a “situações de pais que decidiram retirar os filhos da escola até a obra estar concluída”.

Em comunicado, André Julião, coordenador do MESA, considera que “era totalmente escusado este clima de pânico que está a criar-se entre as comunidades escolares de várias escolas, nomeadamente no concelho de Almada. Temos recebido e-mails de professores e encarregados de educação extremamente preocupados porque as remoções de fibrocimento estão a decorrer durante o período de aulas, ainda que fora do horário letivo, e aos fins de semana”.

“É essencial esclarecer as comunidades escolares sobre o que está a ser feito, quando estará concluído e quais as medidas de prevenção tomadas para a segurança de alunos, professores e funcionários. Tudo poderia ser resolvido com reuniões preparatórias e sessões de esclarecimento junto de pais e professores”, acrescenta.

Apesar de recomendarem que a remoção seja feita durante as interrupções letivas, compreendem que tal “não seja sempre possível”. Contudo, “é importante encontrar um equilíbrio mantendo a segurança de todos. Por uma questão do princípio de precaução, as remoções em período de aulas devem ser evitadas uma vez que caso existam fibras libertadas em concentrações elevadas durante os trabalhos de remoção, estas podem não ser detetadas a tempo da retoma das aulas, expondo potencialmente a comunidade escolar”, afirma Íria Roriz Madeira, arquiteta e membro da ZERO.

Segundo a mesma, “as empresas estão a cumprir a legislação, obtendo valores inferiores ao limite de exposição profissional durante o período de remoção”, mas o valor estabelecido tem em consideração trabalhadores a utilizar equipamentos de proteção individual.

“Os valores limite de exposição ambiental podem ser ultrapassados durante a execução dos trabalhos, razão pela qual os espaços só devem ser retomados no seu normal funcionamento após conclusão da remoção e devida monitorização da concentração de fibras de amianto no ar. Na impossibilidade de remoção do fibrocimento fora do período letivo, ou seja, quando a remoção tem de ser feita forçosamente durante a noite e/ou fins de semana, a forma de garantir que a área está limpa para ocupação da comunidade escolar será a monitorização da qualidade do ar antes do início das aulas, na manhã seguinte”, alerta a ativista.

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