WEB SUMMIT: CRE-MAR TRANSFORMA OS RESTOS MORTAIS EM DIAMANTES
A Cre-Mar é uma start-up de Coimbra que oferece serviços de cremação e transforma as cinzas em diamantes. A start-up é vencedora da “Road 2 Summit”.
Manuel Ribeiro
Texto
4 de Novembro 2021, 16:49
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Vitor Oliveira é o fundador da Cre-Mar, uma funerária que oferece serviços de cremação e transforma as cinzas em diamantes. A empresa incluí ainda um serviço de aconselhamento psicológico para os familiares em situações mais complicadas.

O EuroRegião foi conhecer esta start-up que venceu o primeiro prémio da “Road 2 Summit”, uma iniciativa da Startup Portugal em colaboração com a Galp.

EuroRegião: Fala-nos um pouco da Cre-Mar, como é que surgiu a ideia?

Vitor Oliveira: Foi num momento de quase perda… de um filho e… sem entrar em muitos detalhes, fez com que tivesse de me aproximar do mercado funerário e de certas empresas e de não ter a facilidade de acesso à informação como os custos de um funeral, de uma cremação. Essa situação fez com que começasse a pensar como inovar num mercado fechado, sem mudanças nos últimos 50 anos. E começámos a pensar numa fórmula digital que permitisse chegar a esse mercado de forma diferente, e mais leve. A Cre-Mar tem dois meses de atividade. O projeto foi desenhado em 2017 e nasceu em setembro de 2021.

EuroRegião: Como funciona, então, a vossa plataforma?

VO: Temos um website em www.cremar.pt que permite a subscrição de um serviço de cremação direta, 100% online. Ou seja, a pessoa não tem de falar com ninguém, mas se quiser, temos um número gratuito que é o 800 450 120, disponível 24 horas por dia.

Temos, também, uma linha de atendimento Whatsapp que podem contatar por mensagem ou por voz. Por exemplo, a pessoa perdeu um ente querido e está a passar por um momento de perda, vai ao nosso site e subscreve o serviço. Em 2 horas estamos lá para resolver a situação e entre 24 a 48 horas é executada a cremação e depois o cliente recebe a urna em casa.

EuroRegião: A Cre-Mar tem outra peculiaridade na oferta de serviços…

Vo: Sim, sim. Temos uma complementaridade a este serviço que é a transformação de cinzas fúnebres em diamantes de memorial, ou seja, diamante certificado. O intuito é dar a oportunidade de eternizar um ente querido num cristal singular, nobre e eterno. Foi a forma que encontramos em trazer um serviço diferenciador.

EuroRegião: E ao mesmo tempo permite aos familiares que guardem uma recordação do seu ente querido de uma maneira original. Os diamantes são eternos, não é?

VO: Sim, nós inclusivamente fazemos dois tipos de diamante. O sem corte e o diamante com corte brilhante. Estes diamantes podem ser inseridos em peças de joalharia, num colar, num anel, num pendente.

Diamante reciclado de cinzas. Foto: DR/CRE-MAR

EuroRegião: Em termos de negócio, lançaram há dois meses, mas sabemos que já têm muitos clientes?

VO: Relativamente ao core business que é a cremação, foi atípico. Não estávamos à espera de sentir uma atração por parte das pessoas tão rápida.
No que diz respeito à produção do diamante, e agora durante a Web Summit, e com toda a media a falar nisso, foi efetivamente um boom de pedidos de transformação de cinzas em diamante e vamos dar resposta logo a seguir à feira.

Toda a equipa da Cre-Mar, que não é muito grande, está focada na Web Summit e no serviço core, que é a cremação e mais urgente para os clientes.

EuroRegião: Fala-nos um pouco mais do processo. Do pedido de transformação do diamante?

VO: O serviço é analisado caso a caso, os preços são tabelados e o processo é único e de acompanhamento personalizado. Os preços das peças vão desde os 3900 e os 27 mil euros, dependente do quilate e do corte que desejam. O serviço de cremação é fixo: 895 euros, que podem ser reembolsáveis pela Segurança-social.

EuroRegião: Estamos em plena Web Summit, o que nos podes dizer em termos de interesse pelos investidores?

VO: Primeiro, dou os parabéns ao Paddy Cosgrave que é o CEO do evento e que conheci com o senhor Presidente da República. Temos tido um suporte fantástico por parte da Startup Portugal. O nosso dia de exposição foi incrível e agradeço a todos os media pelo interesse e à Startup Portugal. O evento é fantástico, que nos dá a oportunidade de aprender muito.

Em termos de investimento, ainda não tivemos ronda de investimentos, mas já surgiram algumas conversas e até propostas estrangeiras, mas é ainda prematuro falar sobre o tema. Estamos ainda focados em crescer e amadurecer o projeto, focando-nos no mercado e nos parceiros nacionais.

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