
“As pessoas devem ter direito à discrição quando denunciam empresas”, afirma Věra Jourová na conferência de imprensa da Web Summit que decorre em Lisboa, entre 1 e 4 de novembro. “É bom estar de volta, estive cá em 2019, este evento é uma grande oportunidade para vermos a últimas tendências tecnológicas”, disse.
Ontem à noite, a Web Summit abriu a noite com o tema das denúncias. Frances Haugen, a denunciante do Facebook, “foi um sinal de que a discussão deste ano será sobre a verdade e mentira no impacto das grandes empresas de tecnologia e redes sociais nas nossas sociedades”, declara a responsável europeia.
Segundo Jourová, as redes sociais têm trazido um impacto muito negativo nas pessoas e as “empresas tecnológicas são as principais responsáveis”, disse. As empresas têm grande poder e não assumem essa responsabilidade perante a sociedade. “Como reguladores temos de fazer três coisas: mais informação visível (labels), comunicação efetiva e cortar as fontes de rendimento dos desinformadores.
Da Web Summit para a Brasileira
O café histórico, a Brasileira, foi o local de uma conversa com a VP Europeia sobre a transparência digital a convite de A Mensagem de Lisboa, um jornal digital que cobre assuntos da capital.

A forma como a Europa protege os delatores precisa de ser melhorada. De acordo com Věra Jourová, será anunciado em breve novas medidas de proteção em aspetos que digam, também, respeito com a publicidade online e a política.
Os algoritmos devem ser alvo de maior escrutínio. “As empresas têm de abrir as suas políticas face à forma como implementam esses algoritmos”, como é o caso do Facebook. Não queremos impedir, apenas queremos que sejam mais claros, na forma como utilizam os algoritmos. Como apontam para os consumidores, isto é uma regra GDPR”, lembra a jurista.
“A lei que vamos adotar diz que os algoritmos não podem ser utilizados como “micro-targeting” definidos, por exemplo, pelo género ou a etnia das pessoas”. Věra Jourová alerta que o “micro-targeting” é abusar da privacidade das pessoas e que é preciso proteger os consumidores.
“Quando se aplica o micro-targeting não sabemos do que verdadeiramente se trata. E só começamos a ter noção através de um escândalo ou de uma denúncia”, disse. O mesmo acontece com a eleições. “Precisamos de proteger esses momentos eleitorais que acontecem na Europa”.
A lei, recém-criada, tem como objetivo obter maior clareza e justiça entre as companhias, os consumidores e os políticos. “Esta nova lei será adotada a partir de 23 de novembro”, anunciou a vice-presidente.
Foto: Stephen McCarthy/Web Summit via Sportsfile






