A criação da consulta de reabilitação por parte do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), no Porto, responde a uma lacuna no programa integral de medicina física e reabilitação do estabelecimento de saúde.
O Hospital de São João recebe – anualmente – entre 1.200 a 1.400 doentes com Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e, por isso, “faltava uma área também muito importante que é a reabilitação cognitiva em pessoas que sofrem alterações neuropsicológicas no contexto de várias patologias do sistema nervoso central”, afirmou João Barroso, diretor daquele serviço, à Lusa.
De acordo com a fonte, do total de doentes com AVC internados no CHUSJ, cerca de 20% apresentam perdas de funcionalidade, ainda que tal, “dependa da localização da lesão cerebral”. “Após um AVC é muito importante fazermos a estimulação o mais precoce possível e era a dificuldade que encontrávamos. Agora, com a reabilitação cognitiva temos esse apoio”, referiu João Barroso.
Cláudia Sousa, coordenadora da unidade de neuropsicologia do CHUSJ, informa que a entrada de doentes no programa é feita após uma avaliação dos défices a nível cognitivo e, a partir dessa avaliação, é criado um “programa de estimulação” adaptado a cada doente.
As consultas semanais, com duração entre 45 e 60 minutos, oferecem um conjunto de exercícios para treinar, sobretudo, a memória, aorientação, funções executivas e linguagem. Até agora, o programa já recebeu 15 doentes e o Hospital de São João espera iniciar a consulta em regime de ambulatório na próxima semana.
Anualmente, são internados nos hospitais públicos portugueses cerca de 23.000 a 25.000 doentes com AVC. Anualmente, morrem perto de 6.000 pessoas vítimas da doença.