Matti Aapro, presidente da Organização Europeia do Cancro (OEC), que congrega 36 organizações profissionais da área da saúde e outros 20 grupos de defesa dos doentes, avisa que um em cada cinco doentes oncológicos ainda não está a receber qualquer tipo de tratamento devido aos atrasos provocados pela pandemia. 

De acordo com o estudo, a COVID-19 levou ao cancelamento de cerca de 100 milhões de rastreios na Europa, e fez com que quatro em cada vez 10 profissionais de saúde do setor oncológico tenham sintomas de esgotamento, e três em cada 10 tenham sinais de depressão. 

Na conferência, que serviu para o lançamento, em Portugal, da campanha europeia “Time To Act: Não deixe que a COVID-19 o impeça de enfrentar o cancro”, Ana Raimundo, presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO) revelou que um em cada sete doentes oncológicos não foram submetidos à cirurgia que estaria indicada durante o confinamento total, o que representa 15% dos doentes. 

No caso português, a presidente da SPO alertou para a necessidade de haver um maior conhecimento geral sobre atrasos e cancelamentos de tratamentos e cirurgias. “Não podemos tratar a cirurgia oncológica da mesma forma que outro tipo de cirurgias. Nem mesmo dentro da cirurgia oncológica, todas são prioritárias ou fundamentais”, salientou a especialista. 

Já Lacerda Sales, secretário de Estado Adjunto e da Saúde revelou que o número de pessoas rastreadas no âmbito dos três programas – mama, colo do útero e cólon e reto – sofreu em 2020 uma quebra de cerca de 50%, mas assegurou que a recuperação já está a ser posta em prática. 

A mesma fonte revela que a Estratégia Nacional Contra o Cancro 2021-2030 “está a ser ultimada e vai estar totalmente alinhada com o plano europeu”, focando-se em quatro eixos: a prevenção, a deteção precoce, o diagnóstico e tratamento e a melhoria da qualidade de vida.