DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA CELEBRADO EM NOVA IORQUE
Obra de José Saramago foi apresentada no Teatro Kraine, em Manhattan
Redação EuroRegião com LUSA
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5 de Maio 2023, 10:06
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O Dia Mundial da Língua Portuguesa foi celebrado na quarta-feira em Nova Iorque com uma apresentação em português da companhia Saudade Theatre, que incluiu excertos da obra original “El Comanchero” e de “A Noite” de José Saramago.

O Teatro Kraine, em Manhattan, encheu-se de falantes de língua portuguesa para assistir à apresentação protagonizada pelos atores Filipe Valle Costa e Diogo C. Martins, num evento organizado pelo Consulado-Geral de Portugal em Nova Iorque e pelo Instituto Camões.

Com excertos de “El Comanchero”, a Saudade Theatre começou por retratar a jornada de dois emigrantes portugueses nos Estados Unidos, baseando-se na experiência dos próprios atores, para depois, subtilmente, entrar n’”A Noite” de José Saramago, cuja história se passa na redação de um jornal na noite de 24 para 25 de abril de 1974, e cuja apresentação em Nova Iorque coincidiu também com o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.

Para a cônsul-geral em Nova Iorque, Luisa Pais Lowe, esta foi uma oportunidade para mostrar alguns dos talentos lusitanos, num momento de confraternização entre falantes de português que se deslocaram de vários estados do país para assistir ao espetáculo, desde Connecticut até Nova Jérsia.

“Quando cheguei a Nova Iorque, defini a promoção da cultura e língua portuguesas como uma das minhas prioridades e quis descobrir o talento português que existia nesta área consular. E temos muito talento. Daí, porque não pedir a esses artistas para mostrarem esse talento em público e fazer interagir os vários grupos da comunidade portuguesa? E foi isso mesmo que fizemos hoje”, explicou a diplomata em declarações à Lusa.

Luisa Pais Lowe procurou “fugir dos padrões formais” dos eventos que homenageiam a língua portuguesa, conjugando na mesma apresentação as questões da emigração, saudade, língua portuguesa e liberdade de imprensa.

À Lusa, no final da apresentação, o ator Filipe Valle Costa refletiu que esta foi uma oportunidade para voltar a representar em português, algo que não fazia há vários anos.

“A última vez que representei em português eu tinha 17 anos e foi no Grupo de Teatro de Letras, na faculdade. E hoje foi o dia a seguir. Como emigrante, já sinto um pouco de insegurança quando estou com portugueses. Estive nos estados do Iowa, da Florida, e não tinha contacto com portugueses nesse período. Quando cheguei a Nova Iorque comecei a sentir saudade…e hoje foi a primeira vez que voltei a representar em português”, disse o ator de 36 anos.

“Parte da nossa missão é chegar ao público norte-americano e fazê-lo traduzindo obras portuguesas, e foi uma alegria muito grande fazer esta apresentação em português. A nossa missão é, de certa forma, traduzir, adaptar e partilhar essas obras com o público nova-iorquino”, disse por sua vez Diogo C. Martins.

Em 2019, a 40.ª sessão da Conferência Geral da UNESCO decidiu proclamar o 05 de maio como “Dia Mundial da Língua Portuguesa”.

A língua portuguesa não só é uma das línguas mais difundidas no mundo, com mais de 265 milhões de falantes espalhados por todos os continentes, como é também a língua mais falada no hemisfério sul, segundo dados da UNESCO – a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

Para o adjunto da Coordenação do Ensino Português nos Estados Unidos, José Carlos Adão, o português é uma língua cada vez mais estratégica, sendo que “já é utilizada por 32 organizações internacionais como língua oficial e língua de trabalho” e acumulam-se os testemunhos em que o português foi um fator decisivo nos currículos de quem tencionava movimentar-se no mercado de trabalho norte-americano.

“Temos também notado um interesse muito grande de jovens universitários e de profissionais que querem viver em Portugal ou conhecer o país e isso leva-os a querer aprender a nossa língua, quer seja na variante do português europeu, quer na variante de português do Brasil”, disse à Lusa José Carlos Adão, manifestando otimismo em relação ao futuro do idioma.

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