PASSAGEIROS ENFRENTAM TERCEIRO DIA DAS GREVES DA CP
Várias circulações continuam a ser suprimidas
Redação EuroRegião com LUSA
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10 de Fevereiro 2023, 10:22
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Nenhuma das 69 ligações ferroviárias previstas para entre as 00:00 e as 06:00 de hoje se realizou devido à greve dos maquinistas, dos revisores, das bilheteiras e chefias, disse à Lusa fonte oficial da CP – Comboios de Portugal.

Este é o terceiro dia seguido em que as greves no setor ferroviário têm afetado a circulação de comboios.

Os trabalhadores revisores, das bilheteiras e de chefias diretas afetos ao Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) cumprem hoje uma greve de 24 horas.

Por sua vez, os trabalhadores com as categorias de Maquinista ou Maquinista Técnico cumprem entre as 00:00 de hoje e as 24:00 do dia 16 de fevereiro de 2023, uma greve à prestação de trabalho a todos os períodos normais de trabalho diários que tenham a duração prevista superior a 07:30.

Em declarações à Lusa na quinta-feira, António Domingues, do Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), explicou que a greve tem vários parâmetros e não foram decretados serviços mínimos.

A CP tem no seu ‘site’, um alerta aos passageiros para perturbações na circulação até dia 21 de fevereiro.

“Por motivo de greves, convocadas pelos Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ), Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) e Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), ocorrerão fortes perturbações na circulação de comboios, a nível nacional, no período entre as 00:00 do dia 08 de fevereiro de 2023 e as 24:00 do dia 21 de fevereiro de 2023”.

A adesão à greve de 24 horas dos revisores, das bilheteiras e chefias diretas estava às 08:00 acima dos 90%, disse à Lusa Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).

“A adesão à greve está a ser maciça, acima dos 90% em todo o país”, disse Luís Bravo, acrescentando que a paralisação é de 24 horas, mas ainda poderá ter efeitos no sábado.

De acordo com o sindicalista, na origem da greve está o empobrecimento contínuo dos trabalhadores especializados.

“Entre 2010 e 2020 tivemos os salários congelados praticamente todos os anos. No ano passado tivemos um aumento salarial de 0,9% com uma inflação média de 7,8%, sendo que a inflação dos produtos essenciais, aqueles que os trabalhadores com o salário mínimo não podem fugir, se situou perto dos 20% de aumento”, explicou.

Luís Bravo disse que a proposta salarial que a empresa apresentou ronda em média 3,49%, uma proposta muito inferior à inflação, inclusive inferior aquela que foi aplicada aos funcionários públicos.

“Queremos esclarecer a população, que os funcionários ferroviários não são funcionários públicos, são trabalhadores especializados, de laboração continua, trabalham 40 horas semanais e estamos perante uma situação que por via do congelamento e aumento do salário mínimo nacional, temos trabalhadores especializados que nos próximos dois anos vão ter como salário base o salário mínimo nacional. Isto é dramático”, sublinhou.

O sindicalista indicou também que os trabalhadores estão preocupados com as questões relacionadas com a segurança de circulação de comboios.

“Nós convivemos todos os dias com os utentes nos comboios e sentimos a falta de policiamento, especialmente nas áreas urbanas de Lisboa e Porto. Neste momento, a partir das 21:00 é raro ver-se um agente nos comboios e estações. Há um sentimento de insegurança por parte dos utentes e também não para de aumentar o número de agressões a trabalhadores”, disse.

Segundo Luís Bravo, os trabalhadores querem ver esta situação resolvida com urgência, tendo o sindicato já pedido uma reunião ao Ministro da Administração Interna há meses e que ainda não obtiveram resposta.

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