RÚSSIA PEDE CALMA À COREIA DEPOIS DO PAÍS TER USADO MÍSSEIS
Coreia do Norte disparou mais de duas dezenas de mísseis, fenómeno que está a gerar preocupação.
Maria João Silva com Lusa
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2 de Novembro 2022, 15:45
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“Consideramos que todas as partes neste conflito devem evitar quaisquer passos que possam provocar um aumento da tensão”, disse o porta-voz do Kremlin (Presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência espanhola EFE.

Peskov disse que a “situação na península já é suficientemente tensa” e insistiu que todos devem permanecer calmos.

A declaração surge depois de a Coreia do Sul ter anunciado o disparo de pelo menos 23 mísseis nas últimas horas.

Um dos mísseis atravessou a chamada “Linha da Fronteira Norte”, a divisão marítima ‘de facto’ entre os dois países, disse o exército sul-coreano.

O disparo desencadeou um raro alerta aéreo na ilha sul-coreana de Ulleungdo, cerca de 120 quilómetros a leste da península da Coreia, onde os residentes foram aconselhados a refugiar-se em abrigos, segundo a agência francesa AFP.

Trata-se da “primeira vez desde a divisão da península” após a Guerra da Coreia em 1953, que um míssil norte-coreano caiu tão perto das águas territoriais da Coreia do Sul, disse o exército de Seul.

O Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional para discutir o incidente, que analistas dizem ser um dos mais agressivos e ameaçadores em vários anos.

Yoon considerou que a “provocação norte-coreana é uma invasão territorial ‘de facto’ por um míssil que atravessou a Linha da Fronteira Norte pela primeira vez desde a divisão” da península, disse a presidência sul-coreana num comunicado.

Ordenou também “medidas rápidas e severas para fazer a Coreia do Norte pagar um preço elevado pelas suas provocações”, acrescentou a presidência, sem especificar.

A Coreia do Sul encerrou várias rotas aéreas sobre o Mar do Japão, aconselhando as companhias aéreas a fazerem um desvio para “garantir a segurança dos passageiros” nas viagens para os Estados Unidos e o Japão.

Os disparos ocorreram numa altura em que a Coreia do Sul e os Estados Unidos estão a realizar o maior exercício aéreo conjunto da sua história, apelidado de “Tempestade Vigilante”, que envolve centenas de aviões de guerra.

Pyongyang descreveu os exercícios como agressivos e provocadores, noticiou a imprensa oficial norte-coreana.

O marechal Pak Jong Chon, que é secretário do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, advertiu Seul e Washington de que “pagarão o preço mais horrível da História” se atacarem as forças armadas norte-coreanas.

A Coreia do Norte é dos poucos países que apoiam a Rússia na guerra da Ucrânia, que Moscovo desencadeou ao invadir o país vizinho em 24 de fevereiro deste ano.

As duas Coreias estão separadas desde a guerra de 1950-53.

Os dois países continuam tecnicamente em guerra, uma vez que o conflito terminou com a assinatura de um armistício e não de um tratado de paz.

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