BRAGA’27: CANDIDATURA APOIA A CRIAÇÃO JOVEM E O TECIDO ARTÍSTICO DA CIDADE
Braga é uma das doze cidades nacionais na corrida a Capital Europeia da Cultura. O património cultural e humano é um dos impulsionadores da candidatura.
Maria João Silva / Manuel Ribeiro
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28 de Setembro 2021, 19:06
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Braga vê a sua candidatura a Capital Europeia da Cultura como um “percurso natural” no seguimento da corrida à Media Arts, a rede de Cidades Criativas da UNESCO. Cláudia Leite, coordenadora geral da Braga’27, contou ao EuroRegião que a cidade tem vindo a fazer uma aposta cada vez maior na “dinamização cultural”, através da “abertura dos espaços culturais às instituições da cidade, com uma política de preços mais adequada aos cidadãos, com uma programação contemporânea, diversificada que pudesse oferecer propostas diferentes”.

Braga é a cidade com mais estudantes de música a nível nacional, o que faz com que procure “valorizar parte desta cultura emergente e cruzamento de áreas artísticas” através do apoio ao tecido artístico local e ao ensino das artes.

A população bracarense esteve envolvida desde o início no processo de candidatura da cidade a Capital Europeia da Cultura. Através da Braga Cultura 2030, estratégia cultural na qual se insere a candidatura europeia, fizeram-se consultas à população, organizaram-se atividades para envolver a comunidade, conversou-se com artistas, agentes culturais, associações, comerciantes, cidadãos anónimos e bracarenses de diversas áreas de intervenção.

“É impossível uma cidade planear uma candidatura a Capital Europeia da Cultura ou uma estratégia cultural em que os cidadãos ou o tecido artístico na cidade não se reveja. Este projeto deixa-nos muito satisfeitos e bastante tranquilos porque temos a certeza que aquilo que estamos a desenvolver é de facto uma necessidade sentida por toda a população o que faz com que, independentemente do resultado, a nossa proposta tenha que ir para a frente”, destaca Cláudia Leite em entrevista.

O legado do Porto e de Guimarães, Capitais Europeias da Cultura em 2001 e 2012, respetivamente, também foi tido em conta na candidatura de Braga à distinção europeia, não só pelo trabalho exercido pelas cidades, mas também pela transformação cultural que a iniciativa proporciona. “O Porto antes e após do Porto 2001 é diferente. A cidade modificou imenso ao nível da oferta cultural. O centro histórico da cidade e vivência do mesmo foi completamente modificada pelo projeto e o mesmo aconteceu em Guimarães. A cidade tinha alguns problemas no seu centro histórico e apesar de ser uma cidade já com bastante dinamismo cultural, este foi impulsionado pelo Capital Europeia da Cultura”, afirma a coordenadora da candidatura bracarense.

Imagem de Luciana Castelli por Pixabay

“Se houver uma Capital da Cultura em Braga, isso pode mudar não só o posicionamento da cidade, mas também o posicionamento de toda a Região Norte, integrando as anteriores Capitais Europeias da Cultura do Norte e que impulsione a candidatura de Braga e o legado deixado pelas cidades do Porto e Guimarães”, continua.

 

De acordo com Cláudia Leite, o processo de candidatura de doze cidades “é uma mais-valia para a cultura do país”, uma vez que fez com que a cultura fosse repensada e trabalhada e “isso não pode ser ignorado e deve ser valorizado, num processo que, apesar de concorrencial, foi muito rico”.

Para o futuro, a responsável do projeto afirma que os bracarenses podem esperar “uma aposta redobrada no apoio à criação artística”, realçando também “que para esse processo é preciso desenvolver a dinâmica cultural, mas também dotar os artistas de outras ferramentas para o desenvolvimento do seu trabalho” e que para tal acontecer, Braga pretende apoiar os jovens artistas nomeadamente através da criação de espaços e oportunidades, fazendo com que a “cultura seja vista como um ponto de viragem e uma questão central no desenvolvimento da cidade”.

Faro, Évora, Oeiras, Leiria, Coimbra, Aveiro, Viana do Castelo, Guarda, Funchal, Ponta Delgada, Vila Real e Braga estão na corrida a Capital Europeia da Cultura 2027. As candidaturas estão abertas até ao dia 23 de novembro de 2021, mas só em 2023 se ficará a conhecer qual a cidade vencedora, que ficará responsável pela organização da iniciativa juntamente com a cidade escolhida pela Letónia.

Portugal já recebeu a Capital Europeia da Cultura em três ocasiões: em 1994 (Lisboa), 2001 (Porto) e 2012 (Guimarães). Este ano, as cidades Capital Europeia da Cultura são Rijeka e Galway.

A escolha da candidatura vencedora vai ser feita por um júri com dez elementos independentes, escolhidos não só pelas instituições europeias, mas também por Portugal, que deverá selecionar dois representantes entre janeiro e junho do próximo ano.

Acompanhe as candidaturas das restantes cidades portuguesas no EuroRegião.

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