JOGADORAS DO SALGUEIROS OFERECEM-SE PARA INTEGRAR ATLETAS AFEGÃS
O Salgueiros quer receber jogadoras de futebol refugiadas do Afeganistão. A direção do clube promete adaptar-se para que as diferenças culturais não sejam um obstáculo.
Beatriz Abreu Ferreira / Manuel Ribeiro
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24 de Setembro 2021, 19:00
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Desde que os talibãs tomaram o poder no Afeganistão que todas as mulheres estão proibidas de praticar desporto. Por todo o país, várias futebolistas, e outras desportistas, procuram formas de fugir. Portugal recebeu, no passado domingo (19/09) 80 afegãos, sendo que na maioria eram, precisamente, jogadoras de futebol e as respetivas famílias.

Em comunicado, o Governo português disse que “a chegada deste grupo resulta de uma operação conjunta que envolveu as autoridades nacionais e norte-americanas, tendo os 80 cidadãos sido acolhidos provisoriamente em unidades de acolhimento da Grande Lisboa, devendo ser transferidos, posteriormente, para habitações autónomas de Norte a Sul do País”.

Esta história sensibilizou um grupo de raparigas com a mesma paixão. As jogadoras do Sport Comércio e Salgueiros souberam da notícia da chegada de futebolistas afegãs e quiseram convidá-las para as integrar na sua equipa.

Pedro Seixas, vice-presidente do clube e responsável pelo futebol feminino, explicou ao EuroRegião que a direção ainda não sabia da notícia, mas achou “uma excelente ideia”, e começou imediatamente a contactar as entidades responsáveis para avaliar a sua viabilidade.

“Queremos integrá-las no balneário, venha quem possa vir, porque ainda não está confirmado que possam vir. Mas queremos integrá-las no nosso processo normal de treino e de jogo, como qualquer outra jogadora do clube”, disse.

O clube afirma que irá cumprir as regras, em termos de vestuário, estabelecidas pelo Campeonato de Portugal, e que as novas jogadoras “terão de jogar com o mesmo equipamento que as outras”, mas pequenas questões como a utilização do hijab para cobrir o cabelo “não serão um obstáculo”.

O responsável do SC Salgueiros disse ainda que “no que toca a toda a convivência do balneário, com certeza que saberemos adaptar-nos às diferenças culturais”.

O clube de Paranhos, na cidade do Porto, está neste momento a aguardar a resposta do Alto Comissariado para os Refugiados que está a avaliar a situação e a determinar a distribuição das recém-chegadas pelas regiões do país.

“Nós tomámos a iniciativa porque queremos ter um papel positivo e ajudar pessoas que já passaram por uma situação extremamente negativa. A história do Salgueiros é um bocadinho esta:, ser aberto a todos. Portanto, da nossa parte há, acima de tudo, disponibilidade para ajudar. Agora, estamos dependentes da resposta”, conclui.

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