A INDÚSTRIA DO LÍTIO PODE VIR A RECEBER FUNDOS DO PRR
A empresa responsável pela mina de lítio de Barroso pondera candidatar-se a fundos europeus, mas os ambientalistas e a população são contra.
Redação
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24 de Setembro 2021, 09:00
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A empresa com a concessão para a exploração da mina de lítio de Barroso, Savannah Resources, divulgou que está a ponderar candidatar-se a financiamento público no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR).

Apesar de ainda estar a aguardar os resultados da consulta pública do Estudo de Impacto Ambiental, a empresa pretende fazer uso dos fundos destinados à inovação empresarial e à “agenda verde” para aplicar nas despesas de capital do projeto.

David Archer, presidente executivo da Savannah, disse que “o Governo português afirmou o desejo de criar uma nova indústria de lítio no país com base nos seus invejáveis recursos minerais e a Comissão Europeia, através do seu Plano de Ação 2020 sobre Matérias-Primas Críticas, estabeleceu como meta garantir o acesso a fontes fiáveis de matérias-primas para apoiar o Acordo Verde da Europa e para manter a liderança da Europa em tecnologias do futuro”.

Várias associações ambientalistas e de moradores de Barroso são contra a exploração da mina a céu aberto. A Associação ZERO – Sistema Terrestre Sustentável afirmou, em comunicado, que “a eletrificação da sociedade tem na tecnologia com base no lítio um importante aliado na transição energética; contudo, não deixa de ser verdade que a mesma não pode justificar uma extração de recursos minerais a qualquer custo, sem que sejam devidamente acautelados os impactes sociais, económicos e ambientais”.

Segundo a mesma fonte, a exploração da mina é uma atividade que “a própria indústria reconhece que inevitavelmente gerará um considerável passivo ambiental para as gerações futuras”, e existem vários problemas no projeto para a expansão da mina incluindo falhas na ponderação do impacto sobre a biodiversidade com especial relevância para a fauna com estatuto de conservação.

A região de Barroso foi reconhecida como Património Agrícola Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) devido às caraterísticas ímpares ao nível do seu património agrícola e agropecuário. Para a ZERO, “inevitavelmente, a mina terá um forte impacto nas características locais, assim como na sua imagem de uma região e, muito provavelmente, na própria classificação”.

“Estamos em presença de um projeto que tem evidentes impactes ambientais, muitos deles cuja alegada reversibilidade é muito duvidosa, pelo que jamais se pode afirmar que estamos perante um suposto projeto daquilo que o governo anunciou como de “Mineração Verde”, um conceito falacioso e tecnicamente errado”, concluem os ambientalistas.

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