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Presidente da CCDR - Norte
Resposta próxima
O êxodo de cidadãos ucranianos abriu portas a uma crise de refugiados na Europa, que chegou também a Portugal e se deverá intensificar nas próximas semanas.
24 Mar 2022, 12:00

O êxodo de cidadãos ucranianos, resultante da guerra provocada por Vladimir Putin, abriu portas a uma crise de refugiados na Europa, que chegou também a Portugal e se deverá intensificar nas próximas semanas.

Uma crise que encontrou uma resposta de solidariedade verdadeiramente impressionante da sociedade portuguesa, pronta e generosa, que nos define culturalmente enquanto povo, mas que não dará conta, por si só, dos multiformes desafios da integração, seja eles de curto, médio ou longo prazo. Em causa, estão o bem-estar e a inclusão de milhares de pessoas estrangeiras, em especiais situações de vulnerabilidade, entre as quais muitas crianças, mães e seniores, que necessitam de respostas em diferentes dimensões, como a habitação, a educação, a saúde, o emprego, a assistência social ou a cultura. A dignidade do nosso acolhimento é uma questão civilizacional e política da maior importância.

as autarquias estão inevitavelmente a assumir muito do planeamento, da organização e da gestão do que mais importa: a integração local e social, no sentido pleno da palavra. Merecem o nosso respeito e consideração por isso

Mais uma vez, no terreno – porque é sempre na proximidade que as coisas de carne e osso acontecem e se resolvem –, têm-se destacado as autarquias locais, municípios e freguesias. Mais do que aquilo que é visível, como o voluntarismo das caravanas de autocarros para refugiados nas fronteiras da Ucrânia, ou na organização logística dos apoios de primeira necessidade que se poderiam tornar caóticos sem o seu papel, as autarquias estão inevitavelmente a assumir muito do planeamento, da organização e da gestão do que mais importa: a integração local e social, no sentido pleno da palavra. Merecem o nosso respeito e consideração por isso.

fazem falta mecanismos de integração territorial das políticas e dos serviços do Estado. Numa imagem simples, uma mesa onde os diferentes responsáveis – setoriais e territoriais – se juntem, troquem informações e articulem estratégias e ações

É também neste sentido que deve ser interpretada a evolução das competências municipais e intermunicipais, que têm sido os atores de proximidade da figura distante do Estado, assim como as condições do seu financiamento justo. Por outro lado, uma vez mais, fazem falta mecanismos de integração territorial das políticas e dos serviços do Estado. Numa imagem simples, uma mesa onde os diferentes responsáveis – setoriais e territoriais – se juntem, troquem informações e articulem estratégias e ações.

Essa capacidade de integração será cada vez mais relevante nos problemas do presente e do futuro, como se assistiu no caso da gestão da pandemia e agora com esta crise de refugiados da guerra. Este é também um modo de construir uma “res publica” próxima e de confiança, mas também uma sociedade mais coesa e funcional, mais humana e resiliente.

 

 

Nota: Este artigo de opinião é, também, publicado no Jornal de Notícias.

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